O debate sobre o ensino religioso nas escolas gera controvérsias, mas deve propiciar a reflexão sobre o sentido pedagógico na formação de nossos alunos, na atualidade. Não se trata de proselitismo dessa ou daquela Religião, mas de informação que se faz necessária para a formação intelectual e moral dos estudantes.
O desconhecimento das religiões acarreta um empobrecimento de referência ética e cultural, pois as religiões fazem parte da vida das pessoas e não podem ser desconsideradas.
A escola não deve focar apenas nas questões técnicas, pois a finalidade principal é desenvolver o ser humano integralmente, para que cada um possa viver melhor em sociedade. Nesse sentido, as religiões ajudam a balizar princípios e valores, importantes para a vida pessoal e social, balizando as pessoas para a dimensão transcendental da vida.
Conhecer as religiões nas escolas, com metodologia adequada, para que os alunos tenham, ao menos, uma base geral, de cada religião, de sua história e significado, e também das visões de mundo e da vida, de cada uma delas, procurando o professor uma certa imparcialidade, o que evidentemente não é fácil, porque dependendo da formação do professor, acaba sendo influenciando um pouco mais, aqui e ali.
Mas de qualquer modo, é preciso buscar a imparcialidade, apresentando em geral um conteúdo plural, com honestidade intelectual, sobre as características e especificidades de cada religião.
Muitos ateus dizem que o conhecimento religioso não está associado à formação moral das pessoas, e outros se preocupam com os extremismos, com os abusos e até violências cometidas em nome das religiões. Tais abusos são preocupantes e devem ser evitados. Mas não justificam generalizações.
O estudo das religiões é importante na formação de conjunto das pessoas, que tem o direito de conhecer o que pensa cada uma das religiões, e direito também de cada pessoa ser respeitada por sua liberdade de expressão religiosa.
O que não pode ocorrer também é que a ideologia laicista (tão predominante hoje) prive as pessoas do seu direito de expressar sua religiosidade, seja qual for. Querer retirar o direito de as crianças e jovens de terem uma formação religiosa é negar o Estado Laico e plural e substituí-lo por um Estado ateu, autoritário, laicista e de visão única.
Na CNBB, cumprimente-se o bispo de Bauru, dom Caetano Ferrari, por sua luta em favor do direito inalienável de os estudantes poderem escolher o estudo da religião, inclusive na Escola Pública.
Texto publicado no site JCNet por Valmor Bolan em 14/03/17, Opinião