quarta-feira, 8 de março de 2017

Mulheres de nossas vidas

Passados 160 anos do fatídico 8 de março de 1857, que entrou para história quando trabalhadoras de uma indústria têxtil de Nova York, nos Estados Unidos, fizeram greve para exigir condições de trabalho e igualdade de direitos trabalhistas para as mulheres, podemos nos perguntar que avanços tivemos em nossa sociedade para diminuir a desigualdade entre homens e mulheres. O objetivo da criação da data, que foi oficialmente adotada pela ONU em 1975, não era de fato comemorar, até porque, nem há o que se comemorar, mas, sim, fixar um dia para que as comunidades em diversos países pudessem discutir o papel da mulher na sociedade atual. Todo o esforço era para diminuir e, até quem sabe, um dia extinguir o preconceito e a desvalorização da mulher.

Entretanto, mesmo com todos os avanços, ainda hoje elas sofrem com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e diversas desvantagens na carreira. Há de se concordar que muito foi conquistado como no Brasil, em que em 24 de fevereiro de 1932 foi instituído o voto feminino, mas demorariam ainda anos para que se pudessem eleger mulheres para cargos públicos, o que hoje é uma realidade.

A codificação da Doutrina Espírita, através de O Livro dos Espíritos, traz grafada em suas páginas a orientação dos espíritos codificadores acerca do tema.

Questão 817. O homem e a mulher são iguais perante Deus e têm os mesmos direitos?

R. Deus não deu a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?

A resposta enfática apresenta com precisão a visão dos espíritos benfeitores sobre a igualdade, e nos leva a refletir se somos capazes de hoje em dia colocar essa afirmação em prática.

Os indicadores atuais são desanimadores, segundo Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres, é possível se dizer que a única grande ameaça para a saúde da mulher são os homens, uma vez que 35% das mulheres em todo o mundo têm experimentado violência física e/ou sexual por parceiro íntimo ou violência sexual por não parceiro. Em alguns estudos nacionais sobre a violência, esse porcentual chega a 70%. De todas as mulheres mortas em 2012, quase metade foram mortas por parceiros íntimos ou membros da família.

Essa pequena reflexão é um trecho do discurso de lançamento do movimento apoiado pela ONU Mulheres, denominado HeforShe. O movimento tem como objetivo engajar homens e meninos em novas relações de gênero sem atitudes e comportamentos machistas. Para a ONU Mulheres, a voz dos homens é poderosa para difundir ao mundo inteiro que a igualdade para todas as mulheres e meninas é uma causa de toda a humanidade.

A existência de tal movimento nos leva realmente a refletir sobre a responsabilidade dos homens para com as mulheres, e reforçamos o trecho de O Livro dos Espíritos, ao nos esclarecer:

820. A fraqueza física da mulher não a coloca naturalmente sob a dependência do homem?

R. Deus a uns deu a força, para protegerem o fraco e não para o escravizarem.

E Allan Kardec conclui: Deus apropriou a organização de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados.

Convidamos todos a se engajarem na luta pela igualdade entre homens e mulheres, a refletirem sobre as possibilidades de valorizarmos mais as mulheres em nossos dias, respeitando-as, amando-as e promovendo atitudes de igualdade. Somos e seremos sempre gratos às mulheres que, como nossas mães, avós, tias, irmãs, esposas, amigas, etc., marcam as nossas vidas com o amor e a sensibilidade que lhes são próprios. A elas a nossa imensa gratidão e respeito.

Editorial da Folha Espírita de Março de 2017, publicada no site