Comumente referimo-nos à compaixão em termos que se reportem à semelhante bênção de nós para com os outros, entretanto, a fim de que o orgulho não se nos infiltre no coração sob o nome de virtude, vale recordar a compaixão que tantas vezes procede dos outros em socorro de nós.
De quando em quando, pelo menos, rememoremos as demonstrações de paciência e bondade dos irmãos que nos suportaram sem queixa a teimosia e a inconsequência, nos dias de imaturidade ou irritação:
– o apoio das criaturas que prosseguiram trabalhando em nosso favor, mesmo cientes de que as combatíamos sem apreender-lhes os elevados intuitos;
– o amparo de benfeitores que continuaram a servir-nos ainda quando depois de se conscientizarem quanto aos gestos de frieza ou ingratidão com que lhes ferimos o espírito;
– a tolerância dos companheiros que, mesmo em nos sabendo desequilibrados nos dias de erro, não nos sonegaram a bênção da amizade e da confiança, aguardando-nos os reajustes espirituais;
– e o auxílio dos irmãos que nos perdoaram ofensas e agravos, auxiliando-nos sem pausa, além das dificuldades e empecilhos com que lhes espancamos o carinho e a abnegação para conosco.
Reflitamos a imensidão da piedade que nos sustenta a vida até agora e observaremos que sem isso provavelmente a maioria de nós outros teria mergulhado indefinidamente nas correntes da prova criadas por nós mesmos, com a nossa própria negligência.
Meditemos nisso e saibamos exercer a compaixão para com todos, particularmente para com aqueles que nos firam e reconheceremos que unicamente assim conseguiremos resgatar os nossos débitos de amor para com o próximo, e perceber, por fim, que todos nós para viver, conviver e sobreviver, precisamos, em qualquer parte e em qualquer circunstância, da bondade e da compaixão de Deus.
Fonte: Site Chico de Minas Xavier