Vivemos dias muito difíceis e desafiadores para o comportamento ético. Uma onda de loucura varre a sociedade que parece haver perdido o rumo. Agressividade e angústia são os efeitos do desconforto moral que assola, como insatisfação e desconfiança.
Os distúrbios morais e condutas alucinadas tornam-se efeitos imediatos do vazio existencial, que domina o mundo intelectualizado e sob o controle da tecnologia de ponta.
As notícias velozes apresentam maior índice de desespero e crime, de descontrole comportamental que portadoras de esperanças apaziguadoras. A cada instante estoura um escândalo mais perturbador do que aquele que o precedeu.
A visão do futuro é pessimista e a necessidade de gozar de imediato é cada vez mais imposta pelas circunstâncias aziagas.
Pergunta-se o que está acontecendo com a criatura humana? Quais os valores éticos que podem servir de sustentação íntima, neste momento de indecisões e aventuras?
O ser humano é algo mais do que a argamassa celular, e enquanto a conduta materialista domine-lhe o pensamento, somente lhe são válidos o prazer sensual, hedonista e o exibicionismo egoico, mediante os quais se apresenta, ocultando os conflitos que o atormentam.
Ninguém consegue ser pleno, enquanto esteja sob a constrição narcisista que o afasta da convivência social ou propele-o com propósito exibicionista.
Faz-se necessária reflexão em torno do sentido da vida, que tem caráter de imortalidade.
Embora os esforços contrários do materialismo e do utilitarismo, o ser é indestrutível, tornando-se fundamental a sua conduta intelecto-moral durante a jornada terrestre.
Os fatos imortalistas são comprovados amiúdo em toda parte, demonstrando a grandeza da vida e o sentido existencial.
A nova é a mesma ética platônica a respeito do dever retamente cumprido, que faculta a consciência de paz e a solidariedade como forma digna de sobrevivência.
Ninguém consegue ser feliz isolado, tampouco no tumulto das paixões asselvajadas.
A evolução antropológica vem erguendo o ser humano das exclusivas manifestações dos instintos primários para as experiências da emoção superior, à medida que avança com a tecnologia para a condição de homus virtualis, no qual praticamente nos encontramos.
Mesmo os indivíduos que não têm formação espiritualista ou não a desejam, faz-se-lhes urgente a mudança de conduta em forma de equilíbrio e respeito à vida nas suas diversas expressões, como manifestação de cultura e de sabedoria.
A vida humana é o período evolutivo mais nobre do processo evolutivo, que não lhe constitui etapa final.
O nosso alerta baseia-se na experiência do equilíbrio moral e comportamental, construindo uma sociedade pacífica e edificante.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, de 7 de fevereiro de 2019, por Divaldo Franco