Educar não é ensinar respostas, educar é ensinar a pensar.
Rubem Alves
No mundo contemporâneo, tomado pela pressa e a tecnologia, a caligrafia parece obsoleta. Há, por isso, uma tendência ao desprezo da escrita à mão, embora a neurociência afirme que aprender a escrever à mão é uma habilidade fundamental ao ser humano. Diversos estudos apontam, por exemplo, uma relação estreita entre boa caligrafia e bom desempenho acadêmico.
Mas, em casa, na escola, estimulamos realmente as crianças para escreverem e com habitualidade?
A ideia de que a caligrafia é apenas uma habilidade motora está equivocada. Neurocientistas defendem atualmente que o processo cognitivo de ler está conectado com o processo motor de formar letras e, por isso, para as crianças pequenas digitar palavras não gera a mesma ativação do cérebro que aprender a escrever à mão...
Crianças precisam de um treinamento introdutório em letras de fôrma, depois alguns anos de aprendizado e prática de letra cursiva. Ou seja, letra de fôrma primeiro para a leitura, depois a cursiva para a ortografia e a composição. Portanto, a digitação só faz sentido a partir do quinto ano do ensino fundamental.
É preciso tomar cuidar para que a atração do mundo digital não prive a criança de experiências significativas com o lápis e o caderno e que terão impacto real no seu desenvolvimento.
Dominar a caligrafia é uma maneira assertiva de se apropriar da escrita e do pensamento; mais tarde, da condição de intérprete de si mesmo e do mundo.
Notinhas
Escrever à mão gera vários benefícios: ajuda na memorização dos conteúdos para uma pessoa poder elaborá-los melhor e/ou para reformulá-los; incentiva a criatividade; ajuda a ortografia, pois é mais fácil cometer erros e, com eles, aprender e melhorar; otimiza a aprendizagem, porque o corpo e a mente elaboram conceitos mentais que facilitam a compreensão; estimula a capacidade cognitiva do cérebro. Quando escrevemos, obrigamos o cérebro a reduzir a velocidade de suas funções, de modo que a mão possa escrever fisicamente o conceito em um papel. O cérebro ativa as funções relacionadas com a revisão e reorganização dos pensamentos; auxilia a autorregulação das emoções, impelindo a pessoa a colocar em prática a paciência, administrando melhor a raiva e as chateações. Por estas e outras razões, é fundamental fomentar a caligrafia nas escolas e em casa, a fim de estimular nas crianças o desenvolvimento de habilidades importantes para o viver e o conviver.
Site de O Consolador, por Eugênia Pickina