O que o Espiritismo nos revela sobre o nosso livre arbítrio, será que possuímos totalidade ou ela é limitada?
Todos nós fomos educados no Cristianismo que somos detentores do Livre Arbítrio, e que podemos fazer o que quisermos, mas há uma contrariedade nisso, pois dentro do mesmo Cristianismo é dito que cada pessoa possui o seu destino e que ele já está traçado.
Se o destino já está traçado e possuímos o Livre Arbítrio, não haveria nisto uma contrariedade? Vamos tentar meditar nas próximas linhas sobre o assunto com base na doutrina espírita.
Primeiramente precisamos conhecer o que os Espíritos Superiores responderam a Kardec sobre o tema: Livre Arbítrio.
"Pergunta 75 - Por que a razão não é sempre um guia infalível?
– Ela seria infalível se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e o egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio. Livro dos Espíritos"
Entenderemos no posicionamento dos Espíritos que o Livre Arbítrio é uma característica predominante dos seres possuídores da racionalidade, pois o instinto é uma condição animalizada que nos dá a potencialidade de exercer o seu sentimento e as suas necessidades, já a razão nos possibilita a necessidade de pensar, racionar, utilizar a inteligência e desta forma, escolher qual é a melhor opção.
"Pergunta 121 – Por que certos Espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal?
– Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não os criou maus, criou-os simples e ignorantes, isto é, com aptidão tanto para o bem quanto para o mal. Aqueles que são maus, assim se tornaram por sua vontade. O Livro dos Espíritos"
Na resposta da pergunta 121, os Espíritos comentam que através do Livre Arbítrio é que fazemos as nossas escolhas, ou seja, podemos ser Bons ou Maus, tudo depende do caráter da criatura, pois o Mau é uma escolha que o próprio Espírito decide, e não é um atributo da divindade.
"Pergunta 258 – Quando no estado errante e antes de se reencarnar, o Espírito tem a consciência e a previsão das coisas que lhe sucederão durante a vida?
– Ele próprio escolhe o gênero de provas que quer suportar e é nisso que consiste o seu livre-arbítrio. O Livro dos Espíritos"
Podemos dizer que o destino não existe, o que há, na verdade, é um roteiro traçado pelo próprio Espírito que ao tomar consciência de suas faltas do passado e das conquistas necessárias para o futuro, construirá um roteiro com necessidades expiatórias ou provativas que precisará na vida futura.
No entanto, o Espírito reencarnante contará com o apoio de Espíritos técnicos em reencarnação, que estudará o seu caso em particular e em conjunto estabelecem metas para aquela reencarnação futura. Neste caso, os Espíritos técnicos não impõem o roteiro necessário que o reencarnante precisará para ter sucesso, mas poderá auxiliar e elucidar o reencarnante.
Uma vez reencarnado, o Espírito, poderá com o decorrer de sua vida realizar escolhas opostas àquelas que ele havia determinado para sua própria reencarnação, por necessidade ou por escolhas próprias de sua sabedoria ou inferioridade.
Os Espíritos nas condições de reencarnantes compulsórios os técnicos em reencarnação criam um roteiro necessário para a evolução do Espírito reencarnante, sem a interferência e a concordância do próprio Espírito que irá reencarnar, uma vez que eles não possui lucidez e condições primordiais para compreender as Leis Universais. Porém, quando encarnado, possuem estes, o Livre Arbítrio, que oras são limitados pelo seu próprio condicionamento fisiológico e/ou mental.
Comentário de Allan Kardec referente a pergunta 399 - "O Espírito goza sempre do seu livre-arbítrio e é em virtude dessa liberdade que, no estado de espírito, escolhe as provas da vida corporal e que, no estado de encarnado, delibera se as cumpre ou não, escolhendo entre o bem e o mal. Denegar ao homem o seu livre-arbítrio, será reduzi-lo à condição de máquina. O Livro dos Espíritos"
Neste comentário de Kardec, podemos perceber que se o homem não pudesse realizar suas escolhas, ele seria igual a uma máquina programada para cumprir determinadas funções, que podemos chamar de destino, pois o destino nada mais é do que uma programação inviolável e destituída de qualquer liberdade e pensamento.
Ficamos então pensando, se possuímos a liberdade de fazer nossas escolhas, o que dizer quando as escolhas não são as melhores para nós e para a sociedade, nesta questão, na pergunta 735, os Espíritos respondem.
Pergunta 735 – "Que pensar da destruição que ultrapassa os limites das necessidades e da segurança? Da caça, por exemplo, quando não tem por objetivo senão o prazer de destruir sem utilidade?"
– Predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual.
Toda destruição que ultrapasse os limites da necessidade, é uma violação da lei de Deus. Os animais não destroem senão por suas necessidades; mas o homem, que tem o livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Ele prestará contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, porque é aos maus instintos que ele cede. O Livro dos Espíritos"
Porém o nosso Livre Arbítrio é limitado e está alinhado a nossa evolução espiritual, quanto mais evoluído somos, maior liberdade teremos e quanto mais inferiorizado for o Espírito gozará de menor liberdade.
Desta forma, podemos afirmar, que só podemos gozar de um Livre Arbítrio limitado e que essa limitação irá diminuindo à medida em que vamos despertando virtudes e valores divinos e compreendendo as Leis do Criador, porém, a liberdade total não será possível gozar, pois sempre teremos o Criador como o Consciência Suprema do Universo que fará com que cumpramos e sigamos as Leis Divinas por Ele designadas.
Texto de Jeferson Souza publicado no site Espiritismo na Prática