O físico Marcelo Gleiser, de 60 anos, foi anunciado nesta terça-feira, dia 19, o vencedor do prêmio Templeton, honraria que já foi concedida a Madre Teresa de Calcutá (em 1973) e Dalai Lama (em 2012). O prêmio, uma "espécie de Nobel da espiritualidade", como define o vencedor, é entregue a profissionais que tenham feito "uma contribuição excepcional para afirmar a dimensão espiritual da vida, seja por insights, descoberta ou trabalhos práticos", segundo a Fundação Templeton.
Sobre o Templeton, ele explica, não se trata de um prêmio de religião.
— Quando se fala em religião, pensamos em algo institucionalizado, como cristianismo, islamismo e budismo, por exemplo. Espiritualidade é um termo muito mais amplo que tem a ver com a nossa relação com o mistério da existência e que transcende questões como: "Em que Deus você acredita?" ou "Que igreja você frequenta?". Por espiritualidade, entendemos a relação do ser humano com o mistério da existência — disse Gleiser ao GLOBO por telefone, de Hanover.
O físico conta que, na comunidade científica, há "ateus ferrenhos, que acham espiritualidade e religião uma perda de tempo" e também cientistas que são "religiosos ortodoxos, cristãos, muçulmanos, judeus, budistas, pessoas que acreditam quanto mais entendem a natureza mais entendem a criação divina".
— No meu trabalho como cientista, minha pesquisa é muito mais ligada a questões fundamentais sobre a origem do universo, a origem da vida, do que sobre como criar um microchip melhor para fazer um iPhone funcionar mais rápido, por exemplo. Minhas questões são mais existenciais — explica Gleiser. — O grande ponto é que hoje em dia é possível trabalhar em ciência e em questões que tenham uma natureza filosófica, sobre o significado da vida, da nossa relação com a natureza. É nessa parte que eu me encaixo.