Quando acordo e vou lentamente entrando no mundo real, escuto meus pensamentos e os sentidos vão se ajeitando para um novo dia. A primeira voz que escuto é a minha, às vezes a me animar, outras com um pedido de volta, e ficar mais um pouco onde estou…mas estaremos sempre ouvindo nossos pensamentos ou a voz de uma outra pessoa.
A audição é o sentido do acolhimento, da ternura, ou de tantos outros sentimentos oriundos desta arte.
O que sinto quando alguém está disponível para ouvir minhas dúvidas e me dá um tempo precioso de escuta? Quantas vezes me sinto apto para escutar e compartilhar sentimentos? O bem-estar de esvaziar um baú cheio, a gratidão ou o alívio decorrentes desta possibilidade?
Atualmente, muitos se sentem desconectados, sem equilíbrio entre o interpessoal e o virtual. Onde o cultivo do diálogo e da proximidade se perdeu?
É um treino diário. Muitas vezes, em nossa vida, podemos lembrar de atropelar diálogos sem prestar atenção no outro, sem solidariedade e sem perceber o ato. Como todo hábito, são necessárias a prática e a disponibilidade. Ouvir o outro com a alma livre, sem julgamentos ou preconceitos. Estar livre e permitir a liberdade do outro.
Quantas vezes ouvimos nossos amigos próximos precisando de uma “escuta”? No dia a dia, as oportunidades aparecem na esquina de casa, no trabalho, no lazer, no nosso lar. Sempre com respeito ao outro. Até que a outra pessoa termine e se sinta confortável. Como posso ouvir da melhor forma? Talvez seja necessário acalmar nossa mente, e deixar um espaço em branco para acolher outras vivências.
Sandra – CVV Santos