Muitos de nós – ou mesmo a maioria – podemos estar em conflito com os pedidos que fazemos a Deus no campo da paciência.
Ao amanhecer, pedimos a Deus que nos dê paciência para resolvermos os desafios do dia. Logo nos aparece uma situação difícil que nos tire do sério.
Ficamos inconformados diante dos desafios e questionamos a Deus:
– Quanto mais lhe peço paciência, mais complicação me aparece.
Por que isso acontece?
Talvez um simples silêncio, de alguém que cumprimentamos, já é motivo para nos tirar do sério; talvez por que o café da manhã não estava ao nosso gosto trivial; ou mesmo por causa da visita inesperada de alguém que julgamos inconveniente.
Agora, imaginemos se sairmos de casa atrasados para o serviço; e, de repente, no meio do caminho, depararmos com um engarrafamento no trânsito!
E então, como procederemos? Dispensa comentários?!!!
Muitos até brincam, enquanto muitos até questionam contundentemente:
– Não mais pedirei a Deus paciência, porque toda vez que lhe peço paciência, algo me aparece e me tira do sério…
* * *
Na verdade, a coisa é simples assim:
– Estamos todos nós, indistintamente, submetidos à Lei do Progresso, percorrendo pela eternidade através das sendas evolutivas a que nos cabe.
No nosso caso, amigo leitor, estamos na lida das provas e das expiações desta tão abençoada oficina Terra, na busca do auto aprimoramento moral e espiritual que compete a cada um de nós em particular.
Eis um grande questionamento:
– Como evoluir sem que haja uma situação adversa, um desafio a vencer, um fator complicador???
Ah! Então o amigo leitor poderia me contradizer:
– Então a coisa não é tão simples assim!!!
É e não é!!! Defendo-me!
É simples assim:
Se entendermos que a paciência é uma virtude que desenvolvemos com esforço próprio. E uma vez adquirida, integra-se ao nosso patrimônio espiritual. Ou seja: uma vez averbada ao nosso patrimônio espiritual, jamais a perderemos. É uma conquista para sempre.
Por exemplo: Se perdemos a paciência com alguém ou com uma situação ou coisa, é porque ainda não a temos.
É o contrário do que se refere aos bens materiais. Se perdemos um bem material, é porque o temos.
Com a paciência é diferente: se a perdemos é porque não a temos; se a temos não a perderemos.
Então, quando pedimos a Deus paciência, é lógico que Ele, Pai de amor e bondade, todo misericordioso, prontamente nos ajuda a desenvolvê-la, fornecendo-nos os meios e os instrumentos necessários, traduzidos, por exemplo, numa pessoa de difícil relacionamento, ou numa situação que nos requer esforço de compreensão.
É como desenvolver a musculatura da paciência, exercitando em nós a ciência da paz; a paz consciente que se desenvolve de dentro de nós, ao lidar com as situações da vida, resolvendo-as… e resolvendo os conflitos de nós mesmos nas sendas evolutivas pelo caminho da eternidade.
Não é tão simples assim:
Se acharmos que cabe a Deus resolver todos os nossos problemas sem o nosso concurso.
Que ao pedir a Deus paciência, Ele tenha de nos dar tão somente tranquilidade, vida paradisíaca e resolver tudo por nós.
Autor: Yé Gonçalves