Docudrama é lançado em todo o Brasil, hoje, dia 03, data de nascimento de Allan Kardec.
Ele é conhecido como o grande arquiteto do cristianismo e o maior autor da Bíblia. Paulo de Tarso é o personagem escolhido por André Marouço, jornalista e criador da Mundo Maior Filmes, para seu quarto longa-metragem: “Paulo de Tarso: A História do Cristianismo Primitivo”, que entra em cartaz nas salas do Brasil no próximo dia 3, data de nascimento do francês Allan Kardec, que codificou a doutrina espírita.
Marouço lançou em 2011 “O Filme dos Espíritos”, que alcançou público de 320 mil pessoas, em 2014, “Causa e Efeito”, e em 2016, “Nos Passos do Mestre”, que levou 22 mil pessoas ao cinema. Além disso, já houve mais de 5.000 exibições em casas espíritas seguidas de debates e estudos.
Entretanto, ele prefere medir o público pelo engajamento com a produção. “A melhor obra cinematográfica espírita é aquela que promove mudança nas pessoas que a assistem”, diz.
O cineasta considera Paulo de Tarso um personagem firme, determinado, perseverante, “mas principalmente dotado de enorme capacidade de planejar o crescimento da doutrina cristã”. “O filme o apresenta como o arquiteto das bases do cristianismo e o grande precursor de muitos conceitos espíritas, como a reencarnação, o corpo espiritual, os diferentes dons mediúnicos”, comenta.
Para Marouço, é de grande importância falar de Estêvão, vivido no filme pelo ator Caio Blat. “Ele é um personagem corajoso, capaz de enfrentar os homens que se opunham ao cristianismo com a determinação de quem sabe que será sacrificado, mas que não abre mão de expor seu amor a Jesus”.
O diretor confessa que todos os seus projetos vêm por meio de inspiração mediúnica e que se sente dirigido e amparado durante todas as fases de seus filmes.
“Nós, diretores e roteiristas espíritas, estamos inaugurando uma nova forma de mediunidade, a psicocinematografia. A meu ver, depois de Jesus, o personagem cristão mais importante é Paulo. Então, foi quase natural falarmos sobre esse grande apóstolo”, infere Marouço.
Fazer cinema no Brasil é um desafio, ainda mais se tratando de uma temática religiosa. “Nós sempre fizemos nossos filmes com recursos de espíritas que doam para a causa da divulgação e de empresários espíritas que investem uma parte da verba de marketing de suas empresas em nossas obras. Optamos por produzir com menos recursos, mas com grande somatório de esforços e de caridade. Nesse filme usamos o financiamento colaborativo”, observa o diretor.
Marouço considera que o brasileiro em geral não é muito afeito a documentários e que a cultura novelística criou uma quantidade enorme de consumidores de dramas, ficções.
“Nosso intuito é levar os espectadores a se emocionarem, mas também serem provocados pela apresentação de fatos históricos. Optamos pelo docudrama, ótima maneira de educar e entreter, pois quebramos a monotonia da narrativa documental inserindo tramas, romances e, por consequência, a atratividade e a identificação do público”, aposta.
As filmagens aconteceram em praticamente todas as principais cidades percorridas por Paulo, nas três viagens missionárias, atravessando uma parte considerável da Turquia e da Grécia, além de locais de grande importância para o apóstolo e para os cristãos, como Cesareia e Jerusalém, em Israel; e Roma, na Itália. Ele traz, ainda, imagens captadas no Chipre e em Malta.
Galves ressalta a mensagem de escuta
O ator Alexandre Galves, 28, faz sua estreia no cinema na pele do protagonista, Paulo de Tarso, com quem diz ter aprendido muito. “Ele me proporcionou dois grandes desafios: entender a passagem de Saulo para Paulo e o que realmente estava em jogo na conversão. E deixar crível, pra mim e para a direção, o avanço da maturidade do personagem”, revela.
Galves sabe a responsabilidade que o personagem carrega. “Estou esperançoso que a narrativa possa tocar o coração de quem assistir. A história contribui para a robustez da trincheira espírita, mas também cristã. O filme traz uma mensagem de escuta, de reforma íntima e de coragem. E também fortifica o gênero docudrama no cinema nacional”.
O ator cresceu em um lar católico, depois enveredou pelo estudo umbandista e, atualmente, não segue nenhuma religião. “Minha estreia no cinema foi uma delícia. Tive os ombros bem descarregados por meio da direção do André, que nos proporcionou um set muito harmonioso”, comenta.
Apóstolo pregou sem sede de poder
Qual a importância de resgatar o legado de Paulo neste momento conturbado? “O cristianismo foi muito adulterado, o espiritismo também. Há uma idolatria por religiosos e médiuns. É preciso resgatar a essência da mensagem que Jesus nos deixou, de amor, fé, da razão científica e filosófica e principalmente de liberdade”, analisa o cineasta André Marouço.
O filme, diz ele, “mostra a coragem de um homem que deixou de ser algoz do cristianismo para se tornar o maior cristão de todos os tempos. Essa é uma lição de reinvenção, de capacidade de mudar a rota, deixar para trás o que causa sofrimento para caminhar no sentido da paz”.
O diretor ressalta que “Paulo, Estêvão e outros cristãos trabalhavam para Jesus de maneira desinteressada, não eram profissionais da religião, abraçavam o cristianismo sem sede de poder, sem fome de fortuna, serviam apenas por amor, muito diferente dos cristãos de hoje”.