Uberaba, no Triângulo Mineiro, e Abadiânia, em Goiás, lucram com os seguidores da doutrina de Chico Xavier
O espiritismo movimenta o turismo religioso no país desde que o médium Chico Xavier passou a atrair multidões a Uberaba, no Triângulo Mineiro. Mesmo 12 anos após a morte do líder espírita, caravanas de fiéis visitam a cidade todos os anos para conhecer a casa em que vivia, hoje transformada em um museu que recebe 15 ônibus e mais de mil pessoas nos fins de semana, segundo a prefeitura. Um memorial de 42 mil metros quadrados, com investimento de R$ 4 milhões, segundo Cynthia Lyrio, diretora do Departamento de Desenvolvimento de Turismo da prefeitura, já está com 80% das obras prontas e deverá se tornar mais um ponto de encontro de grupos espíritas na cidade, que está licitando projeto para construção de um hotel, o Nosso Lar, com 142 quartos, para receber o crescente contingente de fiéis.
Também é o turismo espírita que garante a movimentação econômica de Abadiânia, cidade goiana de 18 mil habitantes que fica a cerca de 120 quilômetros de Brasília, no meio do caminho entre a capital federal e Goiânia. Com uma arrecadação mensal de R$ 1,5 milhão, de 60% a 70% da economia do município, ou quase R$ 1 milhão por mês, são gerados pela circulação de fiéis que visitam a Casa Dom Inácio de Loyola. Lá, o médium João Teixeira de Faria, conhecido por João de Deus, de 72 anos, atende entre 1 mil e 1,3 mil pessoas diariamente nos três dias da semana em que as portas permanecem abertas para o público. São quase 15 mil fiéis por mês ou 190 mil por ano.
Também é o turismo espírita que garante a movimentação econômica de Abadiânia, cidade goiana de 18 mil habitantes que fica a cerca de 120 quilômetros de Brasília, no meio do caminho entre a capital federal e Goiânia. Com uma arrecadação mensal de R$ 1,5 milhão, de 60% a 70% da economia do município, ou quase R$ 1 milhão por mês, são gerados pela circulação de fiéis que visitam a Casa Dom Inácio de Loyola. Lá, o médium João Teixeira de Faria, conhecido por João de Deus, de 72 anos, atende entre 1 mil e 1,3 mil pessoas diariamente nos três dias da semana em que as portas permanecem abertas para o público. São quase 15 mil fiéis por mês ou 190 mil por ano.
A auditora bancária de São Paulo Ana Carolina Bicudo, de 32 anos, visita Abadiânia pela terceira vez. Com vários problemas de saúde, como artrite e problemas no coração, ela passou pela Casa duas vezes até sair curada. Agora, voltou para fazer as doações e agradecer pela saúde recuperada. "Nunca havia doado nada, mas depois de tudo o que me aconteceu, vou fazer a minha parte. Essa experiência mudou a minha vida", diz, sem revelar quanto pretende deixar no centro espírita.
As vendas de produtos da loja também são importantes para custear as melhorias na Casa Dom Inácio, que funciona há mais de 50 anos, com movimento crescente desde que João de Deus começou a ter as visões espíritas. Os remédios, prescritos em larga escala custam, em média, R$ 50. "Mas quem não tem para pagar recebe da mesma forma", explica Chico Lobo, secretário pessoal do médium, lembrando que todos os cerca de 150 trabalhadores do local são voluntários.
OPRAH WINFREY - Se o dinheiro arrecadado no centro espírita é insuficiente para manter o local, o mesmo não se pode dizer da cidade. Chico Lobo calcula que até 70% do movimento econômico de Abadiânia é proveniente do comércio ligado à Casa Dom Inácio de Loyola. Para o secretário de Administração do município, Danilo Arantes, esse volume é de 60%. De qualquer forma, o fato é que na rua do centro espírita se multiplicam pousadas, casas de câmbio, institutos de terapias alternativas, serviços de vans, táxis, restaurantes e lojas de roupas brancas.
Desde que os poderes de cura de João de Deus foram divulgados em programas como o de Oprah Winfrey e no Discovery Channel, o número de visitantes estrangeiros não para de aumentar e alguns não hesitam em estimar que eles já são maioria. Hoje, Abadiânia é uma cidade de muitos idiomas. Nas ruas, é possível ouvir espanhol, francês, inglês, alemão e línguas orientais.
Rota mineira é referência
Rogério Rocha, presidente da Fraternidade Espírita Camilo Chaves: doações mensais se aproximam de R$ 10 mil e vão para as obras sociais |
Conhecida internacionalmente por suas igrejas católicas centenárias e romarias que arrastam multidões, Minas Gerais é também referência para a comunidade espírita. Chico Xavier, que morreu em junho de 2002, é o responsável por colocar o estado na rota de milhares de espíritas. Pedro Leopoldo, na Grande BH, e Uberaba, no Triângulo Mineiro, cidades onde ele nasceu e viveu, respectivamente, ficam entre os destinos mais procurados pelos adeptos.
Em Uberaba, segundo autoridades do município, o trânsito mensal de turistas é de 1,4 mil pessoas que passam pelo Cemitério São João Batista, onde o médium foi enterrado. Outros ainda visitam a Casa de Memórias e Lembranças de Chico Xavier e a Casa da Prece, onde Chico Xavier recebia as caravanas, mas não há registros concretos sobre o volume de visitas.
Segundo Cynthia Lyrio, diretora do Departamento de Desenvolvimento de Turismo do município, o Memorial Chico Xavier está em sua segunda etapa e tem previsão de ser entregue à população em novembro e promete ser “o cartão de entrada da cidade”. “Se dali os turistas quiserem visitar os demais pontos turísticos terão condições de conhecê-los”, conta Cynthia, que lembra a existência de outros centros espíritas de renome, além de destinos como o Mosteiro da Glória.
Ainda de acordo com a diretora, a obra em homenagem a Chico Xavier também será feita com o objetivo de manter o turista por mais tempo na cidade. “Queremos que ele se hospede, coma e durma na cidade estimulando a economia local”, diz.
DOAÇÕES - O número de adeptos à doutrina espírita se multiplica a cada ano. De acordo com a União Espirita Mineira (UEM), existem cerca de 2,3 mil centros espíritas em todo o estado e não é possível estimar as cifras movimentadas pela doutrina, já que as casas são independentes. “É difícil mesurar, pois não temos controle sobre as casas”, afirma o presidente da UEM, Henrique Kemper. Ele conta ainda que os centros sobrevivem basicamente de doações e venda de livros que explicam a doutrina. “O importante é acreditar na doutrina e não mover a economia”, afirma. O preço médio dos livros vendidos na maioria dos centros espíritas ou em livrarias é de R$ 25 a R$ 30.
Na Fraternidade Espírita Camilo Chaves, no Bairro Jardim América, Região Oeste de BH, as doações mensais giram em torno de R$ 10 mil, segundo o presidente da Casa, Rogério Rocha. A renda é usada para manter o aluguel da sede, uma única funcionária e os projetos sociais da casa, como distribuição de sopa e marmitex, enxovais e acompanhamento psicológico para gestantes carentes, entre outros. Além das doações, são realizados eventos, como bazar e jantares que complementam a receita.
*Notícia extraída do site do jornal Estado de Minas.