No início deste mês, em sua edição n. 2272, datada de 3 de junho, a revista
IstoÉ voltou a focalizar um tema relacionado com a mediunidade e, por tabela,
com o Espiritismo.
Devem-se a essa
revista matérias importantes relacionadas com o mesmo assunto, a que já nos
reportamos neste espaço em mais de uma ocasião. Diferentemente de outras
publicações brasileiras, IstoÉ não tem manifestado, a respeito da doutrina
espírita, o preconceito que é compartilhado em geral pela chamada grande
imprensa.
Ocorre que
desta vez a revista contrariou um princípio caro ao jornalismo que recomenda
sempre, quando alguém se refere a uma pessoa, que se ouça a outra
parte.
Referimo-nos à
reportagem assinada pelo jornalista João Loes, sob o título “A Senhora dos
Espíritos”, em que foi entrevistada a conhecida médium Zibia Gasparetto. Segundo
o texto da reportagem, a médium, questionada pelo fato de usufruir dos direitos
autorais dos livros que psicografa, atribuiu ao saudoso médium Chico Xavier uma
declaração inusitada.
Eis parte da
reportagem de IstoÉ:
“Mas a guinada
que levou os Gasparetto a se distanciarem dos preceitos balizadores do
Espiritismo não veio sem críticas. Para muitos, a máxima do ‘dai de graça o que
recebestes de graça’ foi relegada em nome da vaidade e do dinheiro. Muitos
exigiam, inclusive, que Zibia abrisse mão dos direitos autorais dos livros que
recebia dos espíritos, como fez Chico Xavier, o maior psicógrafo brasileiro de
todos os tempos. ‘O Chico abriu mão dos direitos dos livros dele, mas uma vez
chorou para mim, arrependido do que tinha feito’, revela Zibia.”
Como Chico
Xavier não mais vive entre nós, os encarnados, seria interessante que a revista
ouvisse pessoas que conhecem sua vida e sua obra, uma vez que Chico Xavier
jamais se aproveitou do produto de seus livros e primou por uma vida simples e
sem luxo, como é público e notório.
Se ele
estivesse algum dia arrependido do que fez, certamente outras pessoas disso
saberiam, e nada havia que o impedisse de mudar de comportamento.
*
Os fatos acima,
como era de esperar, repercutiram muito mal no meio espírita, porque é preciso
sempre respeitar as pessoas, sobretudo quando elas não podem
defender-se.
Foi com
esse propósito que o sempre atento e combativo confrade Gerson Simões Monteiro
enviou à direção da revista IstoÉ, no dia 6 de junho, uma carta em que solicitou
à revista publicasse uma nota de desagravo para mostrar aos seus leitores que a
declaração atribuída a Zibia Gasparetto acerca de Chico Xavier é destituída de
fundamento e não tem base nos fatos.
Na
carta, embasando seu pedido, Gerson Simões Monteiro transcreveu inicialmente um
trecho de uma crônica assinada pelo jornalista Artur da Távola, publicada no
jornal O Globo, na qual o ex-senador da República escreveu, referindo-se
a Chico Xavier:
“Além
da aura de paz e pacificação que parte dele, há outro elemento poderoso a
explicar o fascínio e a durabilidade da impressionante figura de comunicação de
Francisco Cândido Xavier: a grande seriedade pessoal do médium, a dedicação
integral de sua vida aos que sofrem e o desinteresse material absoluto. A
canalização de todo o dinheiro levantado em direitos autorais para as
variadíssimas atividades assistenciais espíritas dão a Chico Xavier uma
autoridade moral (...) que o coloca entre os grandes líderes religiosos do nosso
tempo".
Na sequência de sua carta,
Gerson Simões Monteiro, que privou da amizade do saudoso médium, escreveu:
“A vida de Chico desmente o
depoimento da entrevistada,
pois ele nunca se beneficiou da indústria da fé. O médium Francisco Cândido Xavier, como se sabe,
psicografou mais de 400 livros, totalizando milhões de exemplares vendidos no
Brasil e no exterior, dos quais, é bom que se diga em alto e bom som. jamais
auferiu qualquer vantagem financeira. Sempre viveu às custas do seu trabalho
como operário, balconista e modesto funcionário público. As obras por ele
psicografadas foram traduzidas para o castelhano, francês, inglês, grego,
japonês, esperanto, tcheco, e transcritas em braille. Todos os direitos
autorais foram transferidos para instituições beneficentes.
“Além dos livros,
foram psicografadas mais de dez mil comunicações dadas por diversos espíritos,
de cunho pessoal, transmitindo todas elas conforto e esperança para milhares de
criatura aflitas, que sempre o procuraram e continuam a procurá-lo na certeza de
receber alívio para as suas almas angustiadas. É bom que se saiba, também, que
já foram produzidos de suas obras mediúnicas teleteatros, filmes e peças
teatrais, e pessoalmente gravou discos e fitas cassetes com mensagens
transmitidas pelos espíritos. De tudo isso, nunca tirou vantagem. Viveu da sua
aposentadoria como ex-servidor do Ministério da Agricultura. Jamais viveu às
expensas do Espiritismo. Chico Xavier entendeu que para viver a mensagem do
Cristo na Terra não se pode viver às custas dele, porque ai dos que esquecem o
‘dai gratuitamente o que haveis gratuitamente recebido’ asseverado por
Jesus.
“Se Chico Xavier
vivesse das suas atividades mediúnicas é claro que poderia ser tachado de falso
profeta, de ‘industrial da fé’, mas isso nunca aconteceu. A primeira coisa que
ele faz ao psicografar um livro é ceder em Cartório os direitos autorais para
uma entidade filantrópica. Essa é a paz que Chico Xavier sempre gozou. É a paz
de consciência que o dinheiro não pode dar e que nada neste mundo pode lhe
tirar. Nunca cobrou pelas curas realizadas por seu intermédio. Nada recebeu em
troca por ter confortado milhares de pessoas necessitadas, e é por isso que
jamais poderá ser considerado um religioso profissional ou um comerciante da
fé.”
Falando em nome de
todos os que compõem a equipe de redação desta revista e dos que nela atuam como
articulistas, editores, tradutores ou colaboradores eventuais, subscrevemos
integralmente as palavras acima, rogando à médium Zibia Gasparetto que tenha, em
homenagem à verdade, a hombridade de retificar as palavras que IstoÉ lhe
atribuiu.