segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Assistencialismo ou assistência espírita?

Um dilema que o movimento espírita se depara ainda em pleno século 21 é a confusão que existe entre caridade e assistencialismo. Muitas atividades assistencialistas ainda têm sido desenvolvidas, em nome da caridade, como se fossem atividades promocionais do Espírito imortal; mas, que, analisadas com critério, muitas vezes, concorrem para viciações muito difíceis de serem superadas.


Essas atividades não se coadunam com o objetivo principal da Doutrina Espírita, que é a promoção da criatura a uma posição de maior evolução. É fundamental que o movimento espírita, em pleno século 21, ressignifique as suas práticas, de modo que possamos aproximar o movimento dos postulados básicos da Doutrina Espírita.



Em nosso movimento temos confundido caridade com assistencialismo, a caridade exclusivamente material na qual praticamos filantropia.


Vemos muitos dirigentes e trabalhadores das casas espíritas bem intencionados, mas mal direcionados, por não meditarem profundamente sobre o axioma Fora da Caridade não há salvação, cunhado por Kardec, incorrerem no erro de confundir caridade com assistencialismo, acreditando que ao realizar essa prática estão se salvando pela caridade.


Todo o trabalho da caridade material só nos auxiliará no processo de salvação se estiver promovendo, tanto quem realiza a atividade, como aqueles que recebem os benefícios daquela tarefa. Se não promover para melhor o trabalhador do Bem e aquele que recebe a ajuda do trabalhador, não estará acontecendo verdadeiramente esse processo de salvação. Por isso, é que Kardec coloca a caridade como critério de salvação e não o Espiritismo.

Kardec diz que a caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola. Ainda se confunde a caridade com a esmola. Muita gente acha que dar esmola é pegar um dinheiro no bolso e dar para um mendigo na rua. O conceito de esmola é muito mais amplo do que isso.

Todas as vezes que, em nossas atividades assistenciais, dermos algo material para alguém, pura e simplesmente, sem realizar ações que promovam aquela pessoa, estaremos dando uma esmola.


A esmola pode ser útil? Pode. O problema não é a esmola. O problema é só dar a esmola, gerando o assistencialismo, que é bem diferente da beneficência, que trabalha pela promoção espiritual do assistido. Se fizermos uma atividade em nosso Centro Espírita que vise apenas suprir uma necessidade material, não estaremos praticando a caridade segundo Jesus.


O trabalho de Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita é aquele que sempre promoverá o Espírito imortal, na pessoa do assistido.


A prática da beneficência no Centro Espírita, como uma ação de verdadeira caridade, deve aliar as dádivas materiais ao desenvolvimento das "qualidades do coração", tanto de quem assiste quanto de quem é assistido. Se não houver o desenvolvimento das qualidades do coração, mas apenas o exercício do assistencialismo, nós estaremos oferecendo uma esmola que faz um bem transitório aos outros, mas sem promover o Bem com "B" maiúsculo, que transforma, interiormente, tanto quem dá, quanto quem recebe.


Nos dias 6 e 7 de agosto, Cuiabá vai sediar o Encontro Estadual do Sapse - Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita- que terá como facilitador dos debates o médico homeopata e terapeuta formado em medicina transpessoal , doutor Alberto Almeida. (mais informações).


Alírio de Cerqueira Filho é médico, biólogo com habilitação em ecologia. Pós-graduado em Homeopatia; Psicologia e Psicoterapia Transpessoal; Especialização em Psiquiatria; Master Practitioner e Trainer na arte de Programação Neurolinguística. E-mail: acerqueira@plenitude.com

*Texto extraído do site da FEEMT.