Pra que servem as religiões? Daniel Dennett, filósofo norte-americano, apresenta
a indagação acima no livro Quebrando o Encanto, e ele mesmo responde: os três objetivos preferidos para a religião
são confortar-nos nos sofrimentos e acalmar nosso medo da morte; explicar coisas
que não conseguimos explicar de outro modo; e encorajar a cooperação em grupo
diante de problemas e inimigos.
A conceituação de Dennett, todavia,
deixa escapar algo que as últimas décadas de pesquisa científica têm revelado:
religião faz bem pra saúde, pois as pessoas que oram, estudam a Bíblia ou vão à
Igreja pelo menos uma vez por semana adoecem menos e vivem mais e
melhor.
Estudos científicos bem delineados e
bem vistos pela comunidade científica internacional atestam que a religião tem o
potencial de influenciar a saúde mental e física. Um dos mais eminentes
pesquisadores de espiritualidade e saúde, o Dr. Harold Koenig, psiquiatra da
Universidade de Duke, EUA, apresentou uma elegante síntese das principais
descobertas dessa área de pesquisa no seu livro Medicina, Religião e Saúde, recentemente traduzido para o nosso
idioma.
Os estudos têm mostrado que pessoas
religiosas têm menos predisposição à hipertensão arterial, acidente vascular
cerebral, doença coronariana, demência de Alzheimer, depressão e
infecções.
No que se relaciona a longevidade –
excelente medida da saúde de uma população – os estudos mostram que o
envolvimento religioso, sobretudo a participação em serviços religiosos, está
associado a um menor risco de mortalidade com base em relatos com acompanhamento
de indivíduos por até três décadas. A participação religiosa uma vez por semana
conferiu dois a três anos adicionais de vida, comparados com 3 a 5 anos de vida
com exercícios físicos regulares e 2,5 a 3,5 anos de vida para medicamentos para
redução do colesterol.
O mecanismo pelo qual se acredita
que o envolvimento religioso afete a saúde é por vias psicológicas, sociais e
comportamentais, ou seja, ajudando as pessoas a enfrentar o estresse, aumentando
o suporte social e incentivando estilos de vida e hábitos mais
saudáveis.
Pesquisadores verificaram em
acompanhamento de grande número de pessoas por 28 anos que, frequentadoras
assíduas dos cultos religiosos, tinham probabilidade 90% maior de parar de
fumar, 38% maior de aumentar o volume de exercícios, 79% maior de continuar
casado, 58% maior de aumentar a participação comunitária fora da Igreja e 50%
maior de aumentar o número de amigos.
Palavras proféticas a do apóstolo
Tiago, quando recomendou em sua epístola, capítulo 5, versículo 13, que
deveríamos orar uns pelos outros a fim de que curássemos as nossas enfermidades.
O autor, médico radicado na cidade de Juiz de Fora-MG, é membro
do Conselho Editorial desta revista.
*Texto extraído do site da revista O Consolador, escrito por RICARDO BAESSO DE OLIVEIRA.