quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Religião faz bem pra saúde

Pra que servem as religiões? Daniel Dennett, filósofo norte-americano, apresenta a indagação acima no livro Quebrando o Encanto, e ele mesmo responde: os três objetivos preferidos para a religião são confortar-nos nos sofrimentos e acalmar nosso medo da morte; explicar coisas que não conseguimos explicar de outro modo; e encorajar a cooperação em grupo diante de problemas e inimigos.
 
A conceituação de Dennett, todavia, deixa escapar algo que as últimas décadas de pesquisa científica têm revelado: religião faz bem pra saúde, pois as pessoas que oram, estudam a Bíblia ou vão à Igreja pelo menos uma vez por semana adoecem menos e vivem mais e melhor.

 
Estudos científicos bem delineados e bem vistos pela comunidade científica internacional atestam que a religião tem o potencial de influenciar a saúde mental e física. Um dos mais eminentes pesquisadores de espiritualidade e saúde, o Dr. Harold Koenig, psiquiatra da Universidade de Duke, EUA, apresentou uma elegante síntese das principais descobertas dessa área de pesquisa no seu livro Medicina, Religião e Saúde, recentemente traduzido para o nosso idioma.
 
Os estudos têm mostrado que pessoas religiosas têm menos predisposição à hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, doença coronariana, demência de Alzheimer, depressão e infecções.
 
No que se relaciona a longevidade – excelente medida da saúde de uma população – os estudos mostram que o envolvimento religioso, sobretudo a participação em serviços religiosos, está associado a um menor risco de mortalidade com base em relatos com acompanhamento de indivíduos por até três décadas. A participação religiosa uma vez por semana conferiu dois a três anos adicionais de vida, comparados com 3 a 5 anos de vida com exercícios físicos regulares e 2,5 a 3,5 anos de vida para medicamentos para redução do colesterol.
 
O mecanismo pelo qual se acredita que o envolvimento religioso afete a saúde é por vias psicológicas, sociais e comportamentais, ou seja, ajudando as pessoas a enfrentar o estresse, aumentando o suporte social e incentivando estilos de vida e hábitos mais saudáveis.
 
Pesquisadores verificaram em acompanhamento de grande número de pessoas por 28 anos que, frequentadoras assíduas dos cultos religiosos, tinham probabilidade 90% maior de parar de fumar, 38% maior de aumentar o volume de exercícios, 79% maior de continuar casado, 58% maior de aumentar a participação comunitária fora da Igreja e 50% maior de aumentar o número de amigos.
 
Palavras proféticas a do apóstolo Tiago, quando recomendou em sua epístola, capítulo 5, versículo 13, que deveríamos orar uns pelos outros a fim de que curássemos as nossas enfermidades.
 
O autor, médico radicado na cidade de Juiz de Fora-MG, é membro do Conselho Editorial desta revista.
 
*Texto extraído do site da revista O Consolador, escrito por RICARDO BAESSO DE OLIVEIRA.