Você compra um carro novo, é promovido no trabalho, começa uma relação afetiva promissora, passa no vestibular e depois da alegria desses eventos vem uma estranha emoção de que algo desagradável vai acontecer? Já aconteceu isso com você ante os fatos agradáveis da vida? Sabe o que é isso?
São as crenças de não merecimento e desvalor pessoal. Essas crenças são como programações mentais que funcionam com base em algum tipo de medo. Basicamente o que elas fazem é que você acredite em algo ruim acerca dos episódios de felicidade na sua vida. Criam uma sensação de perda e colocam os pensamentos a ruminar no pessimismo. São muito limitadoras e podem chegar a serem destrutivas.
Dessa forma, diante do carro novo a mente é assaltada por pensamentos de tragédia, roubo ou mesmo preocupação em como as pessoas vão entender sua escolha de consumo. Na promoção profissional essas crenças alimentam o sentimento de que você será mais explorado para te despedirem logo a seguir. Na vida afetiva, após o início de uma relação rica em confiança e parceria, você é tomado por ideias de traição e abandono porque não acredita que alguém possa ser fiel a outra pessoa. E, após o sucesso do vestibular, vem a nítida sensação de que a formação universitária não vai valer a pena e que o esforço foi em vão.
As crenças negativas são ideias ou pensamentos que tomam conta da vida mental impedindo de viver a realidade do mérito pessoal daquilo que conquistamos. Por trás da grande maioria dessas crenças de baixa autoestima está o medo. O medo de perder, de ser abandonado, de não conseguir, de não dar conta. E o que fazer e como fazer para mudar isso?
A felicidade surge a partir de uma construção de condições internas da mente. Para isso, muitas vezes é necessário reconstruir algumas crenças que funcionam no automatismo do inconsciente. Essa reconstrução é o um trabalho de reeducação das idéias e sentimentos de desamor a si mesmo. E como fazer isso?
Para responder a essa pergunta, você tem que saber o “para quê” de suas crenças. Para que elas existem? De que elas estão te desobrigando ou protegendo? Que ganhos você tem com essa crença? Do que seus medos te poupam?
Tudo parte do pressuposto da intenção positiva, um princípio da linguagem da vida mental que assegura que tudo tem uma razão de ser, tudo acontece com uma intenção positiva.
Nos exemplos deste artigo, as perguntas seriam: qual a intenção de você se manter acreditando que não merece esse carro? Qual a intenção em temer a promoção profissional? Para que não acreditar em um relacionamento novo? Ou para que essa sensação de que não valeu a pena passar no vestibular? Em cada uma dessas situações existe um motivo e é preciso descobri-lo.
Em PNL, programação neurolinguistica, aprendemos que a mente é um processo estruturado e regulado de forma ecológica, isto é, tudo tem uma função. Interromper um comportamento sem reconhecer sua estrutura pode ser nocivo à essa ecologia interior. Sabotar esse sistema interior sem uma consciência de seu funcionamento pode trazer novas dificuldades ou resultados insatisfatórios.
Assim, quem quer parar de fumar ou emagrecer não terá êxito se começar um processo de briga consigo mesmo. A pessoa necessita saber qual a intenção positiva em engordar ou fumar, para depois dispor de novas estratégias mais adequadas para suas crenças que sustentam o comportamento de comer e fumar. Via de regra, o alimento para quem engorda (coma muito ou não) ocupa o espaço de uma proteção afetiva que a pessoa não está conseguindo de outro jeito. E o cigarro, quase sempre, é uma forma de prazer que substitui algo que foi negado.
No que diz respeito à crença sobre o não merecimento de ser feliz, também existem intenções positivas organizadas de modo inadequado na estrutura da linguagem mental.
Ser feliz exige trabalho e talvez prefiramos a zona de conforto da rotina, da mesmice. O estado de felicidade requer muitas condições que talvez muitos de nós não queiramos assumir, tais como: correr riscos com mudanças, transformar conceitos, abdicar de preconceitos, ter que bancar a rejeição das pessoas que amamos, ser julgado como egoísta por cuidar de nós, fazer escolhas que levarão a perder amizades, ser incompreendido diante de comportamentos não padronizados e outras tantos desafios que poderíamos enumerar. Diante de tanto trabalho, adotar a acomodação parece ser, para muitos de nós, uma ótima opção. Alivia-nos do trabalho de edificação de novos valores e do desenvolvimento de virtudes. Nesse caso, um vício, uma doença, uma condição financeira, enfim algum contexto de dor física ou emocional, oferecem algum ganho para a pessoa. Parece paradoxal, mas isso acontece verdadeiramente na linguagem da vida mental.
Há uma intenção positiva em pensar que você casou com alguém que está em débito, e, ter que aguentar essa pessoa a vida toda, é conveniente ao seu bem. É melhor interpretar como carma. Daria muito trabalho separar e construir um novo relacionamento, isso se você conseguisse um novo relacionamento. Seria muito trabalhoso e arriscado reconstruir a vida afetiva. Preferível pensar que isso foi programado para acontecer deste jeito. Ou se não for o caso de separar, você poderia se sentir muito inseguro com uma relação prazerosa e produtiva porque talvez tenha preconceito ou inveja sobre as capacidades de seu parceiro(a).
Para outros, é interessante pensar que tem um débito com a pobreza a fim de permanecer na escassez. Para mais alguns, é muito adequado acreditar que ter uma doença é sinal de libertação.
Com noções insensatas de carma e de que a felicidade não é deste mundo conforme assevera o Evangelho, muitos religiosos, incluindo espíritas, vivem uma vida emocionalmente pobre, acreditando estar cumprindo uma determinação das leis divinas. Acomodam-se em provas como se o objetivo maior delas fosse o sofrimento em si mesmo. Acreditam que as dores são imutáveis e não se movimentam para superá-las.
A descoberta das intenções positivas desses comportamentos de acomodação pode ser muito dolorosa, todavia, sem dúvida alguma, será muito saudável ao nosso aprendizado espiritual.
Dica de leitura, de Wanderley Oliveira:
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Autor: Wanderley S. de Oliveira
Pelo espírito: Ermance Dufaux
Páginas: 252
Aceitar as emoções é uma forma terapêutica de viver porque quem as aceita faz uso de duas medicações essenciais para sua cura: a adequação do pensamento à realidade e o desenvolvimento da autoaceitação. Evitamos assim o autoabandono.
Esse clima interior de acolhimento à realidade produz a resignação e evita fixações nos aspectos sombrios da vida. A cura e a redenção são caminhos individuais e intransferíveis, frutos do merecimento e do trabalho pessoal e solicitam o concurso louvável do tempo, da paciência, da disciplina e da persistência. O amadurecimento emocional nos convoca a enfrentar nossas emoções pelo bem de nossa própria sanidade e de nossa libertação.
O futuro acena para a singularidade humana e não para cópias uns dos outros. O importante é florirmos como somos e onde fomos chamados. Quanto mais padrão, menos legitimidade; quanto mais uniformidade, menos criatividade; e quanto mais normas, menos autenticidade.
*Por Wanderley Oliveira para Revista Cristã do Espiritismo.
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