segunda-feira, 18 de março de 2013

Maneira de dizer as coisas

Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes.
 
Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
 
- "Que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho. Cada dente caído representa a perda de um parente de Vossa Majestade".
 
- "Mas que insolente! - gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves adizer-me semelhante coisa? Fora daqui!" - Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites.
 
Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho. Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
 
- "Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes."
 
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
 
- "Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro."
 
- "Lembre-se, meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer."

 
* * *
 
Um dos grandes desafios da Humanidade é aprender a arte de comunicar-se.
 
Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.
 
Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma com que ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.
 
A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.
 
Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.
 
A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
 
Ademais, será sábio de nossa parte se antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.
 
E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento.
 
Importante mesmo é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas...
 
* * *
 
A sublime arte da comunicação foi sabiamente ensinada por Jesus. Ele falava com sabedoria tanto aos Doutores da Lei quanto às pessoas simples e iletradas.
 
Há pessoas que se dizem bons comunicadores mas que não conseguem fazer com que suas palavras cheguem aos corações e às mentes.
 
Jesus, o comunicador por excelência, falava e Suas palavras calavam fundo nas almas, porque aliava às palavras os Seus atos, ou seja, falava e exemplificava com a própria vivência.
 
O grande segredo para uma boa comunicação, portanto, é o exemplo de quem fala.
 
Redação do Momento Espírita com base em históriapublicado no jornal Candeia Espírita de julho/1998.Disponível no CD Momento Espírita, v. 4, ed. Fep.
Em 01.10.2009.