quinta-feira, 21 de março de 2013

Loucuras do bem

O mundo dos negócios é cruel, árduo e apresenta uma alta competitividade. Como em uma selva, impera a lei do mais forte, do mais preparado e do que consegue enxergar oportunidades em situações que outros não veem.
 
Toda imagem é uma forma de comunicação, uma reprodução da mente sobre o significado de um objeto, circunstância, gesto ou anúncio publicitário. Baseado neste entendimento, os dias atuais exigem que uma empresa invista fortemente em construir uma boa imagem organizacional. Mais do que vender produtos e fazer publicidade, é importante criar um conceito positivo que se associe à marca, gerando em clientes e consumidores uma sensação boa ao se lembrar de determinado produto ou associação.

 
O objetivo não é escrever um artigo sobre marketing, mas é possível tirar bons exemplos desta prática mercadológica. A Coca-Cola, multinacional que sempre investiu em propaganda associando seu produto à felicidade e ao bem-estar, lançou uma nova campanha mundial em janeiro deste ano intitulada Let’s go crazy, ou “vamos enlouquecer”, traduzindo para a língua portuguesa. A campanha, filmada em Londres (Inglaterra), Buenos Aires (Argentina) e Cidade do Cabo (África do Sul), convida-nos a praticar atitudes “loucas” que gerem felicidade a outras pessoas.
 
Segundo a empresa, o mundo está tão esquisito que quando as pessoas praticam o bem são consideradas loucas. Para estimular essa ideia de levar atos de bondade para o mundo, a campanha traz histórias reais em minidocumentários apresentando as “loucuras” de seus personagens: Mr. Lucky (Sr. Sortudo), o homem que doa mil libras por dia para um desconhecido; A Jardineira Secreta, uma mulher que planta árvores pela cidade; e Jeff Waldman, o homem que instala balanços pela cidade, são alguns dos exemplos de pessoas que fazem desconhecidos felizes através de pequenas atitudes.
 
Outras histórias, apresentadas por frases em primeira pessoa, como “Eu quero parar a guerra por um dia”, “Eu salvei um estranho da casa que estava pegando fogo” e “Eu pago o pedágio das outras pessoas” mostram pequenos atos do cotidiano que podem ser praticados e imitados para que o mundo se torne mais feliz. Ao final do vídeo que apresenta todas as histórias resumidas, a Coca-Cola lança a pergunta: “Você é louco o suficiente?”.
 

(Pena não ter versão legendada)

 
Talvez seja este o espírito que precisamos assumir para realmente fazer a diferença no mundo. Bondade e gentileza não são virtudes que possamos exigir dos governos, cobrar das autoridades, para que a população seja beneficiada. Não! Tais atitudes precisam ser incorporadas pela humanidade em caráter coletivo. Outra campanha mais antiga da Coca-Cola trazia alguns dados estatísticos muito interessantes: Para cada pessoa dizendo que tudo vai piorar, existem cem casais planejando ter filhos. Para cada corrupto existem oito mil doadores de sangue. Enquanto alguns destroem o meio ambiente, 98% das latinhas de alumínio já são recicladas no Brasil. Para cada tanque fabricado no mundo, são feitos cento e trinta e um mil bichos de pelúcia. Na Internet, a palavra amor tem mais resultados do que a palavra medo. Para cada muro que existe no mundo, se colocam duzentos mil tapetes escritos "bem-vindo". Enquanto um cientista desenha uma nova arma, há um milhão de mães fazendo pastéis de chocolate.
 
Existem razões para acreditar. Os bons são maioria. Sim! Os bons são maioria, disso não há dúvida, mas a conhecida resposta da questão 932 de O Livro dos Espíritos já sentencia o porquê da predominância do mal no planeta Terra: “É pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes últimos quiserem, dominarão.” Não vem ao caso os interesses comerciais de tais campanhas, mas devemos extrair dessas iniciativas as mensagens positivas que são apresentadas. A bondade do mundo depende exclusivamente da nossa iniciativa e da nossa vontade de mudar a realidade. Podemos começar com pequenas gentilezas em nossos lares, depois expandir para a escola, para o ambiente de trabalho, para o centro espírita que frequentamos. Tudo depende de nós.
 
Sigamos o que sugere a campanha da Coca-Cola: “Se ser gentil com estranhos parece loucura, então me chame de louco.”
* Texto extraído da versão on line da revista O Clarim, escrito por Cássio Leonardo Carrara