"O sal é bom, mas, se deixar de ser salgado, como restaurar o seu sabor? Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros." Marcos 9:50
RELIGIÃO: Conjunto compartilhado de crenças, dogmas, rituais e práticas para o estabelecimento de uma relação com Deus.
RELIGIOSIDADE: Processo pessoal de busca de contato com a dimensão espiritual.
Somos seres religiosos, e buscamos nos integrar com os afins com os quais dividimos o mesmo credo de Fé.
Entretanto, nem sempre nos sentimos integrados à Instituição religiosa, não digo enquanto à Fé em si, mas enquanto às pessoas que abraçam o mesmo credo de Fé. Essa experiência inesperada poderá nos desorganizar emocionalmente e sentimentalmente, a ponto de sairmos em busca de outras religiões.
Acontece que passamos a ver o credo através das pessoas, e se as pessoas não nos envolvem, o credo é que não é envolvente.
Recentemente recebi um desabafo de uma amiga, a qual veio para a Doutrina Espírita advinda da Igreja Evangélica, e, não se sentindo acolhida, voltou para a crença de origem. Entretanto, talvez não obtendo as respostas aos seus questionamentos filosóficos, voltou à Casa Espírita ( outra ), até que um dia ela me confiou o seguinte desabafo “Tenho lido livros da Igreja Adventista, porque são os únicos que vêm em minha casa, que me dão atenção. O pessoal de Casa Espírita nem lembra de mim”.
Diante desse desabafo, voltei no tempo, quando da observação de uma sobrinha- hoje trabalhadora espírita- quando adolescente me expôs em relação à Casa Espírita “Não sei exatamente o que é, mas falta algo aqui, sinto falta de alguma coisa...”.
A comunidade religiosa constitui, sem dúvida alguma, um espaço onde as pessoas buscam se unir em clima de solidariedade. É de tal forma importante como agente de integração, a ponto de interferir na religiosidade das pessoas, impactando-as emocionalmente quando estas não se sentem acolhidas verdadeiramente, e entram num sentimento de exclusão por parte de alguns.
Fato é que as pessoas, por não se sentirem acolhidas pela comunidade religiosa muitas vezes mudam sua religião.
O que é o ACOLHIMENTO nesse contexto?
ACOLHIMENTO é a maneira de receber ou ser recebido por alguém; é o jeito de como nos aproximamos ou nos deixamos aproximar por alguém, quando teremos a oportunidade demonstrar gentileza, generosidade, carinho, afeto e respeito, sendo esses caracteres da bondade de coração.
Não se trata apenas de demonstrações físicas, muitas vezes exaltadas e fora do contexto, em expressão puramente exterior, e por isso mesmo fugazes, superficiais. Trata-se de sentir e integrar a atmosfera psíquica de ambas as partes, buscando sincera vontade de conhecer para integrar, com movimentos interiores de grandes vibrações e exteriorizações físicas muitas vezes sutis. Mais do que oferecer sorrisos e abraços, significa oferecer escuta com atenção, e demonstrações do quanto se está feliz pelo fato da pessoa existir e permitir que a comunidade tenha oportunidade de conviver com ela. O verdadeiro acolhimento encanta, aceita, aprende, compreende, alegra-se, comove-se, cuida e retribui. O acolhimento aproxima as pessoas, cria laços, e trata-se da prática da caridade que devemos ter uns para com os outros. Como em Hebreus 13:1 “Conserve-se entre vós a caridade fraterna”.
Tratando-se da Doutrina Espírita, temos como recomendação “Amai-vos, eis o primeiro mandamento; instrui-vos, eis o segundo”.
Espiritismo é fé raciocinada, ou FÉ=CONHECER+CONFIAR. Ao conhecimento adicionamos a necessidade da entrega incondicional, a qual só é possível quando há confiança total. Ora, como confiar, sem conviver; como se entregar à convivência se não sentirmos acolhimento por parte dos companheiros?
Quando apreendermos que a Fé é raciocinada, passaremos a apreender a encantar com o coração.
Rosária Soares, Coordenadora de Estudo e Doutrina do LEAE