Passamos a vida em busca da felicidade, seja através de um grande amor, do emprego dos sonhos, da casa na praia, do final de semana, das próximas férias para colocar a mochila nas costas e viajar pelo mundo. A gente fica nessa de procurar, procurar, procurar o que nos faz feliz e acaba por se perder de nós mesmos. Há algum tempo venho me questionando sobre o fluxo da vida. Por que tudo tem de ter uma aplicação prática ou uma explicação plausível? Quantos de nós passou anos sendo um soldadinho bem-comportado – trabalhando, estudando, votando, produzindo, sem nunca perder um prazo, sem se atrasar, zelando por pessoas, pelo trabalho, pelo nome na praça? Será que essa nossa vida tem de ser apenas de dever? Onde fica o sentir do nosso peito, esse verdadeiro GPS onde Deus se manifesta e nos mostra a real direção?
Qual o problema em viver de improvisos? A vida não vem com manual de instrução e é humanamente impossível fazer tudo sempre perfeito. Somos alunos dessa escola chamada vida, esse “tempinho horroroso” cheio de momentos deliciosos. Por que tantas críticas, autocríticas, perfeccionismo, pose de durona ou machão? Os relacionamentos amorosos são hoje verdadeiras competições de videogame, em que perde ponto quem manda a primeira mensagem, ganha ponto quem passa horas sem responder. Vence o mais desapegado, o independente, auto suficiente, esperto. E assim nos tornamos cada vez mais solitários, rodeados por uma enorme muralha de ressentimentos entre nós e o outro, cantando vitória em uma cama fria. Por orgulho? Por medo?
Que tal pegarmos mais leve conosco e com o mundo? Chega de ficar nessa de querer ter, ser, ou impressionar. No final das contas, nós não temos nada, tudo é emprestado – nossa casa, nosso carro, nossos bens materiais, nossos relacionamentos, amigos, familiares. Tudo deverá ser devolvido assim que finalizarmos nossa estadia por aqui. As únicas coisas que nos pertencem carregamos em nossa memória, em nossa capacidade de sentir e aproveitar os momentos e as pessoas.
Seja mais imprevisível. Deixe a vida te levar, siga o fluxo. Algumas coisas não precisam mesmo fazer sentido, basta apenas que acelerem nosso coração. Fuja do controle. A única segurança que temos é que a inteligência Divina está no comando da vida. Não permita que as preocupações do amanhã te impeçam de viver o hoje. Esqueça a chegada, viva o caminho. Desfrute da felicidade de viver com as pessoas que você convive e de usufruir das coisas que você já possui. Sinta plenamente tudo que o você já faz e faça de cada momento seu uma oração. E quando lhe der aquele frio na espinha, ainda assim não hesite. Respira fundo, entrega para o Universo e confia, pois somente quem caminha de mãos dadas com ele se dá a oportunidade de conhecer todas as estradas do infinito.
Texto escrito por Camila Garcia publicado no site da TV Mundo Maior.