Ah! Felicidade; O importante é ser feliz!
É isso mesmo? Ou será que o mais importante é nos esforçarmos para sermos bons? Quem faz essas indagações é o professor Luiz Henrique Beust, em seu livro “Afinal… Por que sofremos? ”, tecendo reflexões sobre o sofrimento.
Como prevenir-se para evitar a dor? Qual é o meio mais eficaz de se esquivar de dissabores? Afirmam os mentores que o mais das vezes os sofrimentos são devidos à nossa vontade, pois são efeitos de causas que poderiam ter sido evitadas. Como neutralizar os males?
Existe uma áurea recomendação que, por analogia, pode ser perfeitamente aplicada à generalidade dos sofrimentos:
Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança.
Haverá, naturalmente, os que procurarão ser felizes e fugir dos sofrimentos, praticando o bem com vista à recompensa dos céus, pragmaticamente. O bem deve ser praticado com desinteresse e no limite de nossas forças, porquanto responderemos por todo mal que haja resultado de não termos agido corretamente.
A partir do momento em que praticamos boas ações, cultivamos bons pensamentos e boas palavras, a tendência é que, ainda que a médio prazo, a felicidade chegue até nós, pois teremos criado condições para que ela nos alcance.
Por outro lado, quando assumimos a determinação de sermos felizes a qualquer preço, isso significa, como diria Maquiavel, que esse fim justificaria quaisquer meios.
E na busca dessa egoística felicidade, nós não vacilamos em fazer outras pessoas infelizes. Se necessário, roubamos, traímos, mentimos, e acabamos sendo infelizes também. Não é qualquer coisa que nos leva à felicidade.
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A felicidade naturalmente vem do bem. As pesquisas sobre pessoas deprimidas indicam a necessidade de encaminhá-las a uma atividade em favor do próximo.
Se elas passam a trabalhar, por exemplo, numa casa de sopa, ou numa creche, ou num asilo, ou servindo um prato de comida a um morador de rua, e têm a oportunidade de conversar com essas pessoas que sofrem, submetem-se a um dos mais poderosos modificadores de ânimo que se conhece.
Ser útil a uma pessoa numa situação pior do que a nossa é receber os benefícios de um grande modificador de ânimo.
Victor Frankl, um dos maiores gênios do século XX, narra sua extraordinária experiência e reflexão pessoais:
Nós que vivemos nos campos de concentração podemos lembrar de homens que andavam pelos alojamentos confortando a outros, dando o seu último pedaço de pão. Eles devem ter sido poucos em número, mas ofereceram prova suficiente de que tudo pode ser tirado do homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas – escolher sua atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho.
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Em sua obra, Frankl não recomenda nenhuma religião ou confissão constituída, muito menos alguma igreja em especial.
Não procurem o sucesso — dizia Frankl. Quanto mais o procurarem e o transformarem num alvo, mais vocês vão errar. Porque o sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior que a pessoa, ou como subproduto da rendição pessoal a outro ser.
Victor Frankl colocava como prioridade, para que alcancemos a felicidade, a dedicação do indivíduo em favor do próximo, conforme recomendava a moral do Cristo. Então, naturalmente, se escutarmos nossa própria consciência, a longo prazo, desaparecerão os sofrimentos e a felicidade acontecerá em nossas vidas, concluía.
E não é essa a recomendação do Cristo? De que façamos ao semelhante exatamente o que gostaríamos que nos fosse feito? E de que, assim fazendo, cada um receberá de acordo com as suas obras?