segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Quadro religioso do Brasil segundo pesquisa do Datafolha

Divulgado em 13 de janeiro de 2020 o apurado de uma pesquisa promovida pelo instituto Datafolha sobre o quadro religioso brasileiro, pelo levantamento realizado entre os dias 5 e 6 de dezembro do ano passado, em 176 municípios de todo o país. 

Segundo o instituto, a margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%. Os católicos ainda são maioria, o número de evangélicos cresce e os que se declaram espíritas formam 3% da população brasileira.


É claro que esse tipo de pesquisa nem sempre serve para qualificar bem a prática religiosa e medir a espiritualidade das pessoas; há muitos "problemas técnicos" comuns em apurações assim, por exemplo, no caso dos espíritas, especialmente, a dificuldade de ajustar o entendimento de o Espiritismo ser ou não religião e, assim, fazer uma amostragem realista da prática espírita em comparação com a prática religiosa. Além disso, dos muitos que se declaram espíritas, poderíamos perguntar quantos verdadeiramente têm o mínimo de conhecimento da Codificação da doutrina?

Ainda assim, não deixa de ser uma ilustração de como os brasileiros se comportam em matéria de fé, e como, mais ou menos, o Espiritismo está disseminado em nosso país. Por isso, vamos refletir um pouco sobre esses 3% de espíritas apontado pela Datafolha.

Temos então cerca de 6 milhões de espíritas declarados, segundo a pesquisa. Considerando a margem de erro, mais um percentual de tolerância que oferecemos (por exemplo, para contar entre nossos confrades aqueles que, por uma razão qualquer, não se sentiram à vontade em se declarar kardecistas), na melhor das hipóteses vamos contar otimisticamente 10 milhões de consciências afortunadas por conhecerem as revelações do Consolador. É um bom valor absoluto, mas não proporcionalmente; isso quer dizer que 190 milhões de conterrâneos desconhecem ou ignoram a Doutrina Espírita — que francamente consideramos como a melhor instrução para nossa evolução espiritual.

E acrescente a isso que aqui é a chamada "Pátria do Evangelho redivivo", o berço do resgate missionário do Espiritismo, depois da derrocada do movimento espírita original, na França de Allan Kardec. Portanto, em nenhum outro país no mundo o percentual de estudiosos espíritas tem melhor êxito do que aqui. Pela menção de instrutores espirituais, segundo o plano vigente para a espiritualização da Terra, o movimento espírita brasileiro é o celeiro e concentração dos maiores esforços espirituais para disseminação da Terceira Revelação. E não percamos de vista a "urgência" desta tarefa em face do processo de transição planetária.

Considerando tudo isso, nos entristecemos ao dizer que o resultado é péssimo e denuncia a fraqueza do movimento espírita brasileiro; que o modo como temos divulgado a doutrina é irrisório e carece de novo planejamento estratégico. Não estamos sabendo semear a mensagem reveladora do Espiritismo a contento; estamos perdendo feio a luta contra o materialismo, expresso, por exemplo, no número dos sem religião (10%), sem contar os que se dizem religiosos só por dizer, mais aqueles que até professam uma fé e na prática vivem como materialistas.

Alguns confrades poderão dizer que nosso objetivo não é "quantidade", mas "qualidade"; que "não devemos ter interesse em fazer proselitismo". Ora, a qualidade é de fato mais importante, mas ela não existe sem a quantidade; e é bom sabermos que a qualidade também é progressiva. E o tipo de proselitismo que não podemos querer é aquele totalmente que sem qualidade ou apenas para efeito estatístico. No entanto, o espírito missionário está explicitamente impresso na obra da codificação: o objetivo da Revelação Espírita não é outro senão despertar as consciências para os valores superiores; vide, por exemplo, o prefácio de O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec e lá se encontra um hino de exortação à luta, à campanha de propagação do Espiritismo. Isso, claro, de forma pacífica, sem violentar as vontades alheias; todavia, se não tivermos o ardor missionário, se não tivermos interesse em ver nossos semelhantes descobrindo e desfrutando das verdades espirituais, quão egoístas não seremos? Seria certo colocarmos o candeeiro debaixo do alqueire?

"Brilhe a vossa luz", disse o Cristo, e sejam o "sal da terra"; "Pregai o evangelho a todas as criaturas" — eis o apelo cristão. Para tanto, é preciso que sejamos mais eficientes nas nossas investidas, mais inteligentes em nossas peças publicitárias, mais efetivos na condição dos eventos espíritas. O que estamos fazendo com os nossos talentos diante de nossa missão espiritual? Não reencarnamos aqui e agora precisamente para também contribuir com esse movimento regenerador? O Espiritismo não é para ser isolado nas casas espíritas, mas para ser levado à sociedade em geral. Como então se processará a regeneração da humanidade sem quantidade?

Eis um desafio para todos nós espíritas: desenvolvermos melhores estratégias para compartilhar com o próximo as benesses que temos recebido das luzes da nossa doutrina. Que se levantem os confrades talentosos em marketing, oratória, artes etc. e saiam a semear a Boa Nova da espiritualidade no combate a este materialismo — teórico e prático — que ferozmente consome as mentes de nosso tempo.

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