Nesta última segunda-feira do mês, dia 30, receberemos um convidado para ministrar as reflexões da noite.
Marcel Modesto, que frequenta o Centro Espírita Laços da Eternidade (CELE), em Cuiabá, nos presenteia com a palestra 'O futuro na visão espírita'.
Sem querer estragar a surpresa da palestra, Marcelo pouco nos adiantou sobre o tema. Assim, para iniciarmos nossa reflexão posto aqui um texto que o Blog Visão Espírita publicou, em 28 de setembro de 2010, e aborda justamente o tema da palestra:
Conhecimento do Futuro
Encontramos ainda muitas pessoas interessadas no conhecimento do futuro. Muitos creem que a existência física é regida por um determinismo ou fatalidade irrevogável, e que, independentemente de como agirmos, ninguém escapará do destino que lhe está reservado.
Na tentativa de prever o futuro, a Humanidade se vale de inúmeros recursos: adivinhos, tarô, astrologia, ciência, etc. Como não podia deixar de ser, os Espíritos também são consultados na tentativa de obter revelações do futuro.
Ensina o Espiritismo que a fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito faz, ao encarnar, desta ou daquela prova física. Por conseguinte, não se pode dizer que tudo já está predeterminado em nossas vidas. Assim fosse, seríamos meros autômatos e de nada adiantaria nosso esforço para nos melhorar, de forma que tanto o que fizesse o bem, quanto o que fizesse o mal, teriam a mesma compensação ou o mesmo futuro, o que estaria em desacordo com a Justiça Divina incorruptível.
A fatalidade a que todos estamos submetidos, sem exceção, é a morte física: chegado esse momento, de uma forma ou de outra, dela não podemos nos esquivar. Muito ainda precisa ser estudado sobre a previsão do futuro, contudo, não se deve perder de vista que prever o futuro só se faz necessário devido à incapacidade de controlá-lo. Na impossibilidade de controlar a Natureza, busca-se prever os eventos futuros, de forma a estar preparado para o amanhã.
O Espírito que busca o domínio de si mesmo, que se esforça no sentido de domar suas más tendências e de ter todos os seus atos dedicados a Deus, não precisa prever o seu futuro, pois sabe que graças à Lei de Causa_e_Efeito tudo o que viverá será conseqüência de seus bons atos. Aqueles que atuam no bem se valerão dos recursos de previsão do futuro como uma ferramenta para aumentar sua capacidade de fazer o bem. A Natureza foi muito sábia no-lo escondendo.
Conta-se que Francisco de Assis, estava tratando de seu jardim, quando um amigo se aproximou, perguntando-lhe: – Francisco, o que você faria se soubesse que iria morrer hoje? Ao que ele teria respondido, com a maior naturalidade: – Continuaria a fazer o que estou fazendo: cuidando do meu jardim! Será que nós, diante de um pressentimento sombrio ou ditoso, cultivaríamos a mesma serenidade de um Francisco de Assis?
Se soubéssemos, antecipadamente, o fim de cada coisa, ninguém duvide que a harmonia geral com isso sofreria. Um futuro feliz assegurado tiraria do homem toda atividade, uma vez que não teria necessidade de nenhum esforço para chegar ao objetivo que se propôs: seu bem-estar; todas as forças físicas e morais seriam paralisadas, e a marcha progressiva da Humanidade seria detida. A certeza da infelicidade teria as mesmas conseqüências pelo efeito do desencorajamento; todos renunciariam lutar contra o decreto definitivo do destino.
O conhecimento absoluto do futuro seria, pois, um presente funesto que nos conduziria ao dogma da fatalidade. É a incerteza, do momento de nosso fim neste mundo que nos faz trabalhar até a última batida de nosso coração. O conhecimento do futuro é conquista somente de Espíritos elevados. A eles interessa e muito o nosso futuro, razão pela qual cuidam de influenciar o nosso presente, aconselhando-nos, orientando-nos através dos ensinamentos que ministram. É que não tendo, a maioria, a maturidade suficiente para agir com independência, suas ações apaixonadas, o fariam negligenciar o seu progresso. Contudo, Deus permite, com as Leis Naturais, que as coisas se revelem ao seu tempo, dando-lhes, por misericórdia, a oportunidade de crescerem na mesma medida que se desenvolvem os atributos morais e intelectuais. Ao mesmo tempo, quer Ele que desenvolvamos o nosso livre-arbítrio na medida em que ultrapassamos as provas impostas pelas escolhas que fizemos. É para nós uma ferramenta de progresso.
O Espiritismo não veio para tratar de assuntos dessa natureza. É uma doutrina que visa reformar o homem através do cumprimento dos ensinos legados por Jesus, agora interpretados à sua luz. Portanto, quem quiser saber o que lhe acontecerá no futuro prepare-se, desde já, praticando o bem sem olhar a quem, porque o futuro é uma decorrência do presente, assim como o presente o é do passado.
868- O futuro pode ser revelado ao homem?
Em princípio, o futuro lhe é oculto e não é senão em casos raros e excepcionais que Deus permite a revelação.
869- Com que objetivo o futuro está oculto ao homem?
Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade, porque seria dominado pelo pensamento de que, se uma coisa deve acontecer, não tem que se ocupar dela, ou então, procuraria dificultá-la. Deus não quis que fosse assim, a fim de que cada um concorresse para a realização das coisas, mesmo às quais gostaria de se opor. Assim, tu mesmo, freqüentemente, preparas, sem desconfiar disso, os acontecimentos que sobrevirão no curso da tua vida.
870- Visto que é útil que o futuro seja desconhecido, por que Deus, algumas vezes, permite a sua revelação?
Ele o permite quando esse conhecimento prévio deve facilitar a realização da coisa em lugar de dificultá-la, obrigando a agir de modo diverso do que se faria sem esse conhecimento. Aliás, freqüentemente, é uma prova. A perspectiva de um acontecimento pode despertar pensamentos mais ou menos bons; por exemplo, se um homem deve saber que receberá uma herança, com a qual não conta, poderá ser solicitado por sentimento de cupidez, pela alegria de aumentar, seus gozos terrestres, pelo desejo de possuir mais cedo, talvez, desejando a morte daquele que deve deixar-lhe a fortuna. Ou, então, essa perspectiva despertará nele bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a predição não se cumpre, é uma outra prova: a da maneira pela qual se suportará a decepção. Mas não lhe será menor; por isso. O mérito ou o demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença no acontecimento fez nele nascer.