segunda-feira, 13 de abril de 2015

O sistema imunológico, as doenças e o perispírito

Como nossos pensamentos e emoções podem levar-nos à doença ou à cura? Ter bons amigos, senso de humor, capacidade de rir de si mesmo, atitude otimista e cultivar o amor são contribuições valorosas ao fortalecimento do sistema imunológico

O Espírito Joanna de Ângelis, no livro Vida: Desafios e Soluções, psicografado pelo médium Divaldo Franco, dedica um capítulo para tratar das Energias da Vida, destacando que uma dessas energias seriam os hábitos mentais. Ela faz uma distinção entre a vida biológica, que seria resultado de automatismos, desde que os equipamentos orgânicos se encontrem em ordem, e a vida mental, que estaria ligada ao Espírito, ser imortal, preexistente ao corpo físico e sobrevivente ao término da vida biológica, e que, em decorrência de suas vidas anteriores, seria o criador de hábitos mentais saudáveis, que passam a dirigir sua conduta, porque toda a programação existencial começa no pensamento(1).


Faço conexão entre esses ensinamentos da autora da série de livros sobre Psicologia Espírita e uma notícia divulgada pela imprensa em 1989: Joan Kroc (1928-2003), viúva do fundador da cadeia de lanchonetes McDonald’s, doou naquele ano dois milhões de dólares à Universidade de Los Angeles para cientistas de vários campos pesquisarem de que forma a alma é capaz de fazer o corpo adoecer ou curar-se. Esta proposta representava um marco fundamental nos novos rumos da Medicina. Transcrevo e destaco, a seguir, detalhes da reportagem(2):

De um lado, dez cientistas, imunologistas, especialistas em câncer e neurologistas, e de outro, psiquiatras e psicólogos, foram reunidos, o que parecia ser uma façanha inimaginável. Isto foi possível graças a um novo campo de pesquisas que se espalhou rapidamente em todo o mundo, tendo começado nos Estados Unidos: a Psiconeuroimunologia.

Segundo o noticiário, o que se procurou identificar foi a relação entre a alma de uma pessoa, seus pensamentos, suas emoções e seu comportamento com seu sistema imunológico, que é o responsável fundamental por nossa saúde. Durante décadas consideravam-se as células imunológicas, responsáveis pela defesa do organismo, por exemplo os glóbulos brancos, como autônomas. Essas células não precisariam de “conselho” de ninguém. Assim, pensamentos, emoções e tudo o que acontecia na cabeça não tinham nada a ver com o sistema imunológico. 

Esse conceito estava em completa consonância com o paradigma da Medicina ortodoxa alopática, segundo o qual as moléstias surgem apenas por causa de perturbações no plano físico e não têm relação alguma com os pensamentos nem com as emoções.

A reportagem narra o episódio ocorrido durante a missão da nave Apollo 13, em 1970. Uma explosão a bordo colocou em perigo o retorno à Terra e os astronautas ficaram extremamente estressados. Os médicos da NASA – National Aeronautics and Space Administration (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) descobriram que o número de células imunológicas dos três tripulantes diminuíra bastante, e dois deles estavam com uma resistência tão baixa que ficaram com gripe. Em se tratando de homens bem treinados e que partiram para sua missão em perfeita saúde, duas perguntas se impuseram a partir do fato: Será que foi o estresse que reduziu o número de células imunológicas? Será que o Sistema Imunológico não é autônomo?

Em experiências posteriores, no fim dos anos 1970, na Universidade de Rochester, em Nova York conduzidas pelo psicólogo Robert Ader (1932-2011), identificou-se a conexão entre o psiquismo e o sistema imunológico, concluindo-se ser este condicionável. Ou seja: nosso sistema imunológico é feliz quando estamos felizes, e triste quando estamos tristes.

A grande questão para a Ciência é saber de que maneira isso acontece, de que maneira a mente controla o corpo. Como nossos pensamentos e emoções podem levar-nos à doença ou à cura? Como essa consciência imaterial influencia os processos biológicos? Como se dá a influência patogênica do pensamento?

Há outras questões, consoante a reportagem, que permanecem sem resposta: quais pensamentos, emoções e atitudes fortalecem o sistema imunológico, preservando a nossa saúde, e quais nos fazem adoecer? Temos realmente mais saúde se estamos felizes, apaixonados, bem casados, com bons amigos e uma profissão que nos interessa? Como reage o sistema imunológico quando desabafamos, choramos ou rimos desbragadamente? Qual a atitude certa diante de uma doença grave? Tais questionamentos já eram levantados pelo noticiário de 25 anos atrás e permanecem atuais, impactando a Ciência ortodoxa e mecanicista em decorrência das pesquisas realizadas em torno do assunto.

Vejamos um exemplo: a poliartrite é uma doença que se caracteriza pelo aumento constante das dores nas articulações, o que restringe progressivamente os movimentos dos membros. Um experimento realizado na Universidade Stanford, na Califórnia, com portadores da doença, obteve resultados surpreendentes: os pacientes foram minuciosamente informados sobre o seu estado de saúde, fizeram exercícios de relaxamento físico e aprenderam técnicas para dominar melhor as dores atrozes. Depois de devidamente orientados e acompanhados, as dores diminuíram e os pacientes conseguiram movimentar-se cada vez melhor. 

Os pesquisadores perguntaram por quê? Qual foi a terapia eficiente: informação, relaxamento, exercícios ou o controle das dores? A resposta foi surpreendente: nenhum desses fatores. O resultado positivo foi decorrente de ter sido dito aos pacientes que eles eram capazes de melhorar o próprio estado de saúde e vencer a doença através de hábitos mentais saudáveis. Dentre esses hábitos, os pesquisadores citam: ter amigos, bons contatos sociais, senso de humor, capacidade de rir de si mesmo, atitude otimista, capacidade de desabafar e o amor.

Em outra pesquisa, o psicólogo David McClelland (1917-1998), da Universidade Harvard, assistiu com seus alunos a um filme sobre Madre Teresa (1910-1997) e seu trabalho humanitário com os pobres e os doentes da cidade indiana de Calcutá. Todos os estudantes ficaram profundamente impressionados. Foi feito um exame do sistema imunológico de cada um e constatou-se que um anticorpo, a globulina de imunidade A, responsável pela destruição de infecções nas vias respiratórias, havia aumentado. 

Os mesmos estudantes, posteriormente, viram um filme sobre o guerreiro huno Átila (406-453). Novos exames do sistema imunológico foram realizados e constatou-se que a ação do anticorpo havia diminuído. 

Mas a conclusão surpreendente a que a Medicina tem chegado é que quem mais sobrecarrega o sistema imunológico são as pessoas que já não têm esperança nem veem mais sentido na vida, estão deprimidas e pessimistas, se estressam e cansam facilmente e os solitários.

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Submetendo-se este sempre momentoso tema ao exame do Espiritismo, pode deduzir-se quanta falta faz aos laboratórios científicos o conhecimento dos postulados dessa Doutrina filosófica, científica e de substância ética, especialmente a respeito da existência do Espírito imortal e de seu envoltório, denominado por Allan Kardec perispírito.

Em sua obra de ciência transcendental Estudos Espíritas, Joanna de Ângelis registra que no psicossoma (assim denominado o perispírito pelo Espírito André Luiz)(3): “Estão sediadas as gênesis patológicas de distúrbios dolorosos (...) ensejando a aceleração das perturbações psíquicas de largo porte”(4).

Antes, em 1861, Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, já afirmava: “(...) Somente faremos notar que o conhecimento do perispírito é a chave de inúmeros problemas até hoje inexplicados”(5).
Em 1990, no livro da coletânea da Série Psicológica O Homem Integral, Joanna de Ângelis faz profundo estudo acerca do “modelo organizador biológico – MOB”, que se encarrega de plasmar no corpo físico as necessidades morais evolutivas, através dos genes e cromossomos (...)”. Destaca ainda a mestra da Psicologia Profunda e Transpessoal que o perispírito, “Veículo sutil e organizador, é o encarregado de fixar no organismo os traumas emocionais como as aspirações da beleza, da arte, da cultura, plasmando nos sentimentos as tendências e as possibilidades de realizá-las”(6).

O autor de Doenças, Cura e Saúde à Luz do Espiritismo, escritor Geziel Andrade (1948-), consolidando constatações obtidas a partir das investigações de Allan Kardec a respeito do corpo espiritual, concluiu: “O perispírito é, então, quem determina a formação perfeita ou doentia do novo corpo material durante o processo de reencarnação”, e sintetiza seus estudos declarando que Jesus, com Seus ensinamentos contidos no Evangelho, é o grande médico divino da alma e do corpo. A prática de Sua moral, baseada nas grandes virtudes cristãs (amor, caridade, humildade, perdão, justiça e fé), imuniza-nos contra muitos males e doenças(7). 

Concluímos estes comentários com a visão profética de Allan Kardec: “Quando as ciências médicas levarem em conta o elemento espiritual na economia do ser, terão dado grande passo e horizontes inteiramente novos se abrirão para elas. As causas de muitas moléstias serão a esse tempo explicadas e encontrados poderosos meios de combatê-las”(8). Grifamos.

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Tal como já houve o Projeto Genoma (1990-2003), imagino, num futuro não distante o surgimento de um científico Projeto Psicossoma, voltado ao aprofundamento dos estudos exarados nos compêndios científicos da Codificação Espírita de Allan Kardec, a respeito da correlação entre esses núcleos capitais da vida humana: o corpo e o seu elo sutil de ligação com o Espírito, o perispírito. 

1. FRANCO, Divaldo. Vida: Desafios e Soluções. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. LEAL, p.50 a 53.
2. www.imagick.org.br/pagmag/themas2/somospensamos.html - acesso em 26.11.2014.
3. XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu. Pelo Espírito André Luiz. 5ª ed. FEB, p.78.
4. FRANCO, Divaldo. Estudos Espíritas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. FEB, p.42.
5. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Item 54, 1ª ed. FEB, tradução de Evandro Noleto Bezerra, 2008.
6. FRANCO, Divaldo. O Homem Integral. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 14.ed. LEAL, p.151 a 153.
7. ANDRADE, Geziel. Doenças, Cura e Saúde à Luz do Espiritismo. 12ª ed. Editora EME, p.44 e 127.
8. KARDEC, Allan. Obras Póstumas.1ª ed. FEB, tradução de Evandro Noleto Bezerra, primeira parte, item 12, p.67.

*Reportagem retirada do site de O Clarim, por Adilton Pugliese (santospugliese@hotmail.com), em 01/04/2015