Quando falamos em evolução, precisamos ter em mente uma abordagem integral, a partir de análises de diferentes e também semelhantes doutrinas espiritualistas. Mais do que isso; precisamos entender, através de estudos interdisciplinares, que a realidade se manifesta em vários planos ou camadas. Portanto, não é possível entendermos de forma ampla o conceito de evolução se focarmos apenas nas visões materialistas ou somente na visão desta ou daquela doutrina espiritualista.
Em biologia, evolução é a mudança das características hereditárias de uma população de uma geração para outra. Este processo faz com que os organismos mudem ao longo do tempo. A seleção natural é um processo pelo qual características hereditárias que contribuem para a sobrevivência e reprodução se tornam mais comuns numa população, enquanto que características prejudiciais tornam-se mais raras.
O termo evolução vem do Latim evolutio, que significa, “desabrochamento”. Segundo o dicionário Aurélio, evoluir significa “evolver, passar por transformações”.
A codificação espírita é evolucionista e parte do princípio de que tudo está passando por constantes transformações, numa escala sucessiva de progressões. A perfeição será sempre relativa a um contexto ou paradigma. Portanto, podemos entender que nada é perfeito (pronto) no sentido absoluto, talvez com a exceção de Deus, causa primária de todas as coisas (existem outras possibilidades de entendimento, mas não vem ao caso).
Ainda segundo o Espiritismo, Deus é a causa primária de todas as coisas. Mas podemos observar que tudo ocorre dentro de uma realidade em constante transformação, onde caos e ordem se interagem. Dessa forma, a própria consciência, ao se manifestar na matéria, também sofre suas influências, passando pelo mesmo processo de evolução.
Esse processo de manifestação da consciência na matéria ocorre desde os planos sutis da existência, onde o espírito se manifesta através de corpos “energéticos” até o plano material (atômico, molecular, mineral, celular, vegetal, animal e hominal), para finalmente transcender a matéria, expressando-se no reino angelical ou de espíritos “puros”. Claro que existem diversas graduações ou escalas dentro desta classificação, mas o interessante é notarmos que se trata de um processo que poderíamos chamar de “desidentificação com a matéria”, onde o espírito toma consciência, gradativamente, de sua realidade transcendental.
Quando falamos que o espírito evolui desde suas ligações com a matéria, não significa que cada átomo ou cada planta ou cada micróbio seja um espírito, mas que esses reinos primitivos são o molde, a base por onde o princípio inteligente universal se manifesta a fim de desenvolver-se. É como o casulo da borboleta. Antes, ela só existia como lagarta! Ou seja, tudo na natureza se encadeia para que o espírito realize voos mais altos, rumo ao infinito. Sem o reino animal não teríamos desenvolvido nossos instintos, essa força da natureza que é a base da nossa manifestação como seres humanos.
Cabe a nós buscarmos, a cada experiência vivida, um grau maior de autoconhecimento, nos tornando a cada dia mais sábios, capazes de transcender o ego em direção ao Todo, numa verdadeira manifestação de amor.
*Texto extraído do site da Revista Cristã do Espiritismo, escrito por Victor Rebelo