É importante que você saiba como as relações funcionam para que não repita esses padrões vida afora.
Para que um relacionamento vingue, é importantíssimo que as pessoas envolvidas tenham a humildade de abrir o coração, assumir seu jeito de se relacionar e discutir, juntas, as opções que têm para evitar sofrimentos desnecessários. O ideal é que cada um fale de si, mostre ao outro quanto ele é importante e, principalmente, perceba que ninguém tem o direito de querer mudar ninguém a não ser a si mesmo.
Digo isso porque, numa mesma família, as pessoas tendem a desenvolver papéis diferentes, e para que todos vivam bem é necessário que cada um descubra o que precisa ser mudado.
No casamento, há duas tendências: a primeira é de que o casal seja muito semelhante, para que um busque no outro o apoio num trabalho comum. Dois protectores do universo, por exemplo, podem ter uma forte tendência para o trabalho social. Vão cuidar de todas as pessoas que aparecerem em sua vida. Em geral, a força desse tipo de casamento está muito mais centrada na amizade que na paixão e no romantismo.
A segunda tendência é de que os parceiros sejam complementares. Nesse caso, uma vítima da vida provavelmente se casará com um protetor do universo. Um deles será o eterno carente, e o outro, o eterno cuidador. Quando isso acontece, o casal frequentemente tem muitos conflitos, mas também muita paixão. O problema é que, depois de uma sucessão de brigas e apaixonadas reconciliações, um dos dois se cansa e acaba caindo fora.
Já os amigos tendem a ter o mesmo jeito de viver, o que, em geral, amplia a cumplicidade entre eles. Se os dois forem vítimas da vida, por exemplo, poderão conversar bastante, e assim justificar um para o outro o fato de não fazer nada para assumir o controle da própria vida. Se os dois forem supercríticos, terão prazer em esmiuçar os defeitos de todo mundo enquanto tomam uma cerveja no bar da esquina.
Entre pais e filhos, as relações também tendem a ser complementares. O pai protetor do universo certamente criará o filho para ser a eterna vítima, pois dessa maneira poderá exercer seu papel de cuidador, tentando assumir o controle da vida do filho. O filho vítima, por sua vez, colocará a culpa de seus fracassos nas costas dos pais e, ao mesmo tempo, se aproveitará da necessidade deles de ter alguém para cuidar.
É importante que você saiba como as relações funcionam para que não repita esses padrões vida afora. Tenha consciência de que, ao decidir mudar, inevitavelmente provocará alterações significativas em seu grupo social. Se você sempre viveu como a eterna vítima e agora decide assumir suas responsabilidades, começa a trabalhar, toma a atitude de sair de casa ou qualquer coisa do tipo, muito provavelmente causará uma confusão imensa na família.
Por isso é importante que você e as pessoas de seus relacionamentos façam uma reflexão honesta e reconheçam a responsabilidade de cada um na criação dos problemas. Assumam, juntos, o compromisso de crescer, de ser melhores e mais felizes. No fim desse processo evolutivo há muito mais amor e plenitude do que vocês jamais experimentaram.
Roberto Shinyashiki
*Texto extraído do site Luz Maior.