Foi lançado, no fim de agosto, o Guia Intersetorial de Prevenção do Comportamento Suicida em Crianças e Adolescentes. A publicação é da Secretaria da Saúde em parceria com outras secretarias do Estado e entidades que fazem parte do Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio.
O lançamento ocorreu durante o seminário “Autolesão e Comportamento Suicida na Infância e Adolescência: Prevenção e Pósvenção”, que é uma das atividades que marcam a programação do Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio.
O guia visa orientar profissionais da saúde, educação, assistência social segurança pública e conselho tutelar sobre o tema. O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial que pode afetar indivíduos de diferentes origens, faixas etárias, condições socioeconômicas, orientações sexuais e identidades de gênero. Contudo, ele pode ser prevenido, e saber reconhecer os sinais de alerta é o primeiro passo. No caso de crianças e adolescentes, a sua situação peculiar de desenvolvimento exige ações que possam apoiá-los nesta fase e que contribuam para a prevenção da violência interpessoal e da violência autoprovocada.
O material está disponível em formato digital aqui.
Sinais de alerta e fatores de risco
O médico da família e comunidade André Luís Bendl descreve alguns sinais de alerta do comportamento suicida, entre eles:
- Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança;
- Expressão de ideias ou intenções suicidas;
- Diminuição ou ausência de autocuidado;
- Mudanças na alimentação e/ou hábitos de sono;
- Uso abusivo de drogas/álcool;
- Alterações nos níveis de atividade ou de humor;
- Crescente isolamento de amigos e família;
- Diminuição do rendimento escolar;
- Autoagressão;
- Mudanças no vestuário para cobrir partes do corpo (por exemplo, vestindo blusas de manga comprida) e
- Relutância em participar de atividades físicas que antes eram apreciadas, particularmente aquelas que envolvem o uso de shorts ou roupas de banho, por exemplo.
Também são fatores de risco:
- Histórico de tentativas de suicídio ou autoagressão;
- Histórico de transtorno mental;
- Bullying (e/ou cyberbullying);
- Violência intra ou extrafamiliar;
- História de abuso sexual;
- Suicídio(s) na família;
- Baixa autoestima;
- Uso de álcool e outras drogas;
- Populações vulneráveis a pressões sociais e discriminação (LGBTI+, indígenas, negros/as, situação de rua, entre outros).
André também aponta importantes ações de prevenção que podem ser usadas no cuidado a essas pessoas, como a redução do acesso a métodos de suicídio, treinamento e atualizações das equipes de saúde, melhora da rede de atendimento e controle de bebidas alcoólicas. Por outro lado, o médico também ressaltou que há ações de prevenção com efeito contrário, sendo na verdade prejudiciais.
O que evitar:
- Evite romantizar ou glorificar o suicídio;
- Não dê detalhes excessivos sobre como o evento ocorreu;
- Não descreva o ato como corajoso ou racional;
- Não criar espaços de homenagens ou dedicatórias a pessoa que morreu;
- Reconheça a perda e as dificuldades, mas evite mudar a rotina o máximo possível;
- Evite grandes reuniões em massa focando no caso.