...e tem seis décadas de espiritismo
Ele é bauruense e autor do livro ‘Quem tem medo da morte?’, que vendeu mais de 300 mil exemplares, faz aniversário neste sábado e conta um pouco da sua experiência de vida
Ele é bauruense e autor do livro ‘Quem tem medo da morte?’, que vendeu mais de 300 mil exemplares, faz aniversário neste sábado e conta um pouco da sua experiência de vida
Richard Simonetti: “Minha maneira de ser é de um jovem” |
Uma trajetória de vida baseada na dedicação ao ensinamento da doutrina espírita e com lições de amor ao próximo. Assim se resumem mais de seis décadas da trajetória do bauruense e atual vice-presidente do Centro Espírita Amor e Caridade (Ceac), que comemora neste sábado (10) 80 anos de vida.
Esbanjando bom humor, Richard Simonetti já projeta o futuro. Em novembro deste ano, ele lançará sua 59.ª obra literária “Para refletir e Ler” e promete: “Vou continuar escrevendo até que meu corpo não permita mais”.
Filho de pais espíritas, Francisco Simonetti e Adélia Marchioni Simonetti, o escritor passou toda a infância e adolescência em contato com o espiritismo. Questionador, aproximou-se mesmo da doutrina aos 20 anos, após ser acometido por um problema na visão.
Com mais de 300 mil exemplares vendidos do livro “Quem tem medo da morte?”, sua sétima obra, Richard se consagrou como um dos mais importantes autores da literatura espírita.
Em bate-papo com o JC, Richard Simonetti fala um pouco sobre suas obras, experiência de vida e responde qual seria o segredo para a longevidade.
Jornal da Cidade - Dos 59 livros escritos, qual te marcou mais?
Richard Simonetti - Talvez, o “Razão para viver”, meu nono livro. É uma obra de iniciação espírita, que traz orientações em relação aos temas doutrinários. Foi especial porque eu sinto que nele me firmei como escritor, comecei a escrever de maneira mais descontraída e bem humorada, uma forma simples de o leitor entender.
JC - Como foi lidar com espiritismo na infância. Algo te marcou?
Simonetti - Na época, não era uma coisa muito boa. Havia certo preconceito contra o espiritismo. O fato de eu não ser batizado era questionado pelas minhas professoras do curso primário. Elas ficavam admiradas e me perguntavam: “mas você é pagão?”. Parecia que era uma coisa de outro mundo ser espírita. Mas isso não se constituiu como um trauma pra mim, não existia bullying naquela época, eu não era tratado diferente por isso. Era um menino que convivia muito com espíritas, eu gostava muito de ler e tudo o que eu via parecia que eu já sabia.
JC - Quando você decidiu se aprofundar na doutrina espírita?
Simonetti - Aos 20 anos, eu tive uma uveíte e minha mãe procurou ajuda no Centro. Uma inflamação impedia que eu enxergasse. Lá, um espírito se manifestou e disse que iria me ajudar, aí eu comecei a participar de fato, não só acompanhar.
JC – Houve a cura?
Simonetti - Sim. Lógico que foi feita uma associação do tratamento médico com o espiritual.
JC - Quais as situações que mais marcaram esses seus 60 anos dedicados ao espiritismo?
Simonetti - Eu não sou médium, tenho apenas uma experiência com médiuns. Certa vez, estive em São Paulo, havia um centro espírita famoso. Era de um padre desencarnado, que viveu no século 19 e fazia trabalhos de materialização. Lá, eu tive oportunidade de participar de uma reunião aonde o espirito do padre Zabeu tornava-se visível. Impressionei-me muito, eu tinha 25 anos. Também vi trabalhos de cura impressionantes. Em Presidente Prudente, conheci o médium Zezinho, ele fazia tratamento espiritual simplesmente esfregando a barriga da pessoa. Esfregava e um corte se abria, aí ele mexia lá dentro, como quem estava operando, e depois fechava o corte apenas esfregando. O médium permitiu que eu ficasse pertinho para ver. Era um fenômeno espantoso.
JC - De que forma você acredita que a espiritualidade possa ajudar as pessoas a compreender o contexto do mundo atual, cada vez mais individualista e violento?
Simonetti - O espiritismo mostra que a nossa história é orientada pelo mundo espiritual. Todos os grandes eventos da humanidade são inspirados por espíritos que vieram a Terra para esses eventos. O mundo realmente virou uma confusão, parece um campeonato de maldades, mas está tudo sob controle. Não estamos entregues à nossa sorte, existe um poder orientador que é Deus, e existem os prepostos de Deus que nos conduzem. Chegará um momento em que tirarão da Terra aqueles que não quiserem progredir, os que são comprometidos com o erro, o vício e o crime. Assim, a Terra será promovida a um planeta de regeneração, onde as pessoas estarão harmonizadas, vivendo para o bem. Todos os meus livros trazem essa problemática.
JC - Você acredita que tanta saúde e disposição sejam resquício de outras vidas? Qual o segredo da longevidade?
Simonetti - Não. Acho que isso é resultado da forma como orientei minha vida nesse sentido, de participar do movimento espírita, divulgar a doutrina, praticar o bem. O segredo da longevidade está na saúde mental, em ocupar a mente com coisas boas. Claro que o cuidado com a alimentação, o repouso e outras coisas ajudam. Acho uma coisa absurdamente fenomenal chegar aos 80. A gente nunca sente a idade que tem, eu me sinto com 50 anos, no máximo, minha mentalidade, minha maneira de ser e a minha disposição é de um jovem.
*Texto extraído do site JCNET