terça-feira, 31 de maio de 2011

Tríade - Espiritismo como Filosofia

No livro "Convite a Filosofia", de Marilena Chauí (é uma filósofa e historiadora de filosofia brasileira), encontramos importante estudo para atinarmos sobre a importância da Filosofia como instrumento do pensamento humano.

Em determinado trecho do compêndio, ela diz: "... Uma primeira resposta à pergunta "O que é Filosofia?" poderia ser: A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana: jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido".


Destarte, a atitude filosófica se baseia na indagação. Perguntar "o que", "como" e "por que", são questões fundamentais que o homem deve utilizar na busca de respostas, para assim poder alicerçar os pilares de determinada idéia ou valor.
O Espiritismo tem as suas bases fundamentadas dentro do domínio da Fé Raciocinada, onde os seus adeptos têm total liberdade de pensar e refletir acerca das questões transcendentes da Vida.
Não mais nos encontramos no campo da fé cega, onde éramos como que proibidos de raciocinar por nós mesmos!

 
Entendemos que o ser humano é carente de entendimento e, de maneira geral, todos nós almejamos compreender melhor os mistérios que nos cercam atinentes as questões espirituais.

Inúmeras são as indagações a serem realizadas neste ínterim, como por exemplo: Quando se deu o meu princípio? O que sou? De onde vim? Para onde vou? Por que estou aqui?... etc.

O primeiro livro da codificação do Espiritismo foi "O Livro dos Espíritos", em 1857, de Allan Kardec. É uma obra extraordinária, onde o Codificador compilou 1019 perguntas, sobre os mais diversos assuntos, dirigidas a Espiritualidade Amiga, que as respondeu, principalmente, através da mediunidade de efeitos físicos de três garotas: as irmãs Julie e Caroline Baudin, que possuíam aproximadamente 14 e 16 anos de idade, em conjunto com a Srta. Japhet, que tinha 20.

De fato, muitos presumem que as respostas de "O Livro dos Espíritos" foram dadas através da psicografia. Todavia, não foram, pois os Espíritos Superiores que dirigiram a Codificação Espírita não queriam que nesta primeira obra houvesse uma intervenção direta do pensamento humano.

Como se deu, então? Conforme dissemos, pela mediunidade de efeitos físicos das meninas Baudin e da Srta. Japhet. Kardec utilizou uma cesta pião, geralmente eram feitas de madeira ou de vime, na qual se amarrava um lápis bem firme. E quando se mantinha a cesta em equilíbrio sobre uma folha de papel, a médium encostava a sua mão nela, fazendo-a se colocar em movimento. Assim ela fazia o lápis girar sobre o papel, traçando as letras de acordo com a vontade do espírito manifestante.

É imensa a contribuição que o pensamento filosófico dá para o surgimento do Espiritismo, tendo em vista que o pedagogo francês, Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec - que obteve por revelação que este havia sido o seu nome numa existência pregressa onde fora sacerdote druida - iniciou os seus estudos neste sentido depois de acompanhar reuniões similares como a do fenômeno das mesas girantes, amplamente difundidas na Europa e nos EUA, a partir de meados do século XIX; ai foi quando ele obtemperou não se tratar de um fenômeno ininteligível, passando a ser seu objeto de observação e pesquisa.


Assim se deu o estudo e a sistematização de conhecimentos obtidos no corpo filosófico, surgindo o Espiritismo.

Para finalizar os nossos comentários sobre uma pequena vertente da importância que a Doutrina Espírita tem como Filosofia, vamos recorrer à transcrição de singelo trecho do item XVII - "Introdução ao estudo da Doutrina Espírita", em "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec: "... A razão nos diz que entre o homem e Deus deve haver outros escalões, como disse aos astrônomos que entre os mundos conhecidos devia haver mundos desconhecidos. Qual é a filosofia que preencheu essa lacuna? O Espiritismo no-la mostra ocupada pelos seres de todas as categorias do mundo invisível, e esses seres não são outros senão os Espíritos dos homens que atingiram os diferentes graus que conduzem à perfeição; então tudo se liga, tudo se encadeia, desde o alfa até o ômega..."


Thiago Silva Baccelli é orador espírita, psicólogo clínico e graduado em Direito

*Notícia extraída do site do Jornal de Uberaba, com modificações da Equipe de Comunicação do LEAE.