terça-feira, 5 de novembro de 2019

Em vez de cobrar, que tal motivar?

Já parou para pensar o quanto a cobrança nos aprisiona?

Esse texto gira em torno da palavra cobrar; e quando vou ao dicionário para ver o significado desse verbete, eu me assusto: “Receber ou tentar receber (dívida ou aquilo a que se tem direito)”. Até aí, beleza, mas quando continuo minha caça de significados, encontro este que me deixa pasmo: “Exigir de outrem (obrigação, cumprimento de palavra etc.)”.
Fico pensando no quanto de energia gastamos quando cobramos. Quando trazemos para nosso interior esse “cobrar” (receber, exigir, obrigar), temos de trabalhar com um monte de expectativas que tendem a nos levar a uma multidão de frustrações. Nessa hora, temos de parar e pensar: o certo seria mesmo “cobrar”?

Acredito que seria mais interessante “motivar”. Às vezes, a cobrança vem sem motivos, sem causas justificadas, sem destino certo. Outras vezes, encharcada por uma gama de sentimentos de inferioridade, insegurança, medo e carência. Ao passo que, quando motivo alguém, trabalho com expectativas. Nessa hora, parto do motivo, do real, e isso não agride. A motivação visa o bem; a cobrança, o interesse de alguém.

O ato de cobrar é interesseiro

Já parou para pensar o quanto a cobrança nos aprisiona? Tantas pessoas se cobram para ter um alto rendimento, mas, por se aprisionarem em tal situação, têm o mais baixo rendimento. Já vi pessoas se cobrarem tanto para tirar um “10” na prova – por isso, vivem uma angústia ao extremo –, mas acabam tirando uma nota 4, pois ficam presas à “expectativa de um 10”.

Pior é quando colocamos essa cobrança no outro, exigimos, colocamos metas e até obrigamos a pessoa a corresponder ao nosso “ego”, tornando-o prisioneiro de nossos desejos. Relacionamentos assim tendem mais à “explosão” que à verdadeira paixão.

A motivação visa o bem; a cobrança visa o interesse de alguém. Incentivar e entusiasmar não são tarefas fáceis, mas é possível as realizar. Todos nós trazemos certa dose de cobrança em nós. Já nascemos assim. Quando éramos crianças, chorávamos para “cobrar” o peito da mãe, o colo do pai, o brinquedo do irmão. Temos essa tendência, ela está em nós.

Quando surgir o impulso de cobrança, que tal escolher o caminho da motivação, do incentivo e do entusiasmo? O resultado será mil vezes mais satisfatório e livre. Pense: em vez de cobrar uma visita do seu namorado nos fins de semana, por que não o incentivar a estar mais com aqueles que moram com você? Em vez de cobrá-lo para conversar mais com sua mãe (a sogra!), por que não o motivar a descobrir nela virtudes até então escondidas?

A maneira com que levamos a vida pode fazer de nós e dos outros mais leves ou pesados. Fica a dica!

Em vez de cobrar, que tal motivar? A maneira como nos colocamos no mundo determina o lugar que ocupamos no coração de quem amamos!

Por Adriano Gonçalves, via Canção Nova. Texto publicado no site Aleteia.