quarta-feira, 2 de setembro de 2020

'Nunca campanha de prevenção ao suicídio se tornou tão necessária', diz profissional da saúde

Estamos no 'Setembro Amarelo', e nunca na história este tema se tornou tão relevante como no momento de pandemia que vivemos. A campanha iniciada em 2015 no Brasil escolheu o mês de setembro para conscientizar e ajudar com a prevenção e evitar que a depressão leve ao suicídio.

Após relatos de suicídios relacionados com o coronavírus e o confinamento a ele associado, o neurocientista, psicanalista  e especialista em estudos da mente humana, Fabiano de Abreu, foi contactado. Depois de ter confirmado que o número de casos de depressão se acentuou com esta crise psicológica da pandemia, o pesquisador logo concentrou-se em pesquisas e análises para avaliar o que ele já previa ocorrer.

“Eu já temia a possibilidade de que pessoas com depressão e/ou ansiedade potencializada, no confinamento, sendo bombardeadas com notícias ruins e a má utilização da ansiedade, poderiam piorar o quadro depressivo ou chegar nele; e ter um aumento no número de suicídios. Tomando ciência do ocorrido, reuni o meu grupo de pesquisa para tentarmos contribuir de alguma maneira para que isso não eleve mais ainda o número de mortos por causa do coronavírus, seja diretamente ou indiretamente".

Pessoas com uma ansiedade potencializada e contínua podem entrar em depressão e pessoas em depressão têm maior risco de suicídio. O risco é maior na vigência da doença e de comorbidades. "Estamos imersos num cenário de incertezas e elas geram medos e angústias. É importante cuidar do equilíbrio emocional a fim de evitar ações definitivas para problemas transitórios. O suicídio não é solução e sim mais um problema de saúde pública a ser tratado", enfatiza o médico.

Confira algumas dicas para as pessoas que estão passando por problemas como depressão e transtorno de ansiedade

1. Mantenha o tratamento psicoterápico on-line, a maioria dos profissionais trabalham nessa modalidade.


2. Se faz uso de medicação, siga corretamente a prescrição médica. Não aumente a dosagem, nem faça desmame por conta própria.



3. Se a sua medicação está no fim, entre em contato com o seu psiquiatra, todos estão a trabalhar sob novos protocolos.


4. Mantenha-se informado somente por vias sérias e éticas de notícias. Evite “fake news”.

5. Trabalhe a sua respiração através da meditação. A respiração consciente e ritmada, mantém a homeostase do corpo.

6. Durma bem, o sono fisiológico possibilita uma “psicoprofilaxia”, filtragem e limpeza de metabólitos cerebrais.

7. Mantenha uma alimentação equilibrada. Alimentos funcionais, menos processados e coloridos. “Descasque mais e desembrulhe menos”

8. Beba água, mantenha-se hidratado para o melhor funcionamento de todo o sistema de filtragem e eliminação, mantendo o organismo em bom funcionamento.

9. Use a criatividade e o espaço possível para uma atividade física que goste.

10. Evite excesso de álcool, evite drogas. Mantenha-se lúcido.

11. Mantenha a rotina, isso faz com que você continue orientado no tempo.

12. Desenvolva um plano, e faça um planejamento para realizar uma “comemoração” quando tudo isso passar. 

13. Traga para sua mente bons pensamentos e boas emoções. O que nós pensamos nós sentimos.

14. Sinta-se pertencendo a um grupo, o sentimento de pertença traz-nos importância.

15. Faça chamadas de vídeo ou mesmo videoconferência para reunir os amigos.

16. Não falta tempo, por isso organize a casa, os armários, leia os livros que guardou na estante, assista aos filmes e as séries que queria e não tinha “tempo”. Descubra algum talento oculto e use como terapia ocupacional.


Para casos mais graves em que tenha ocorrido uma tentativa ou pensamentos de suicídio, trabalhe na “redução de danos”, seguindo orientações básicas:



1. Seja presente de forma integral na vida do sujeito portador do transtorno - depressão.


2. Aproxime-se de pessoas que estão em sofrimento emocional/psicológico.


3. Ofereça conversa com escuta de qualidade.

4. Conduza a conversa até perceber que a pessoa está segura e confiando em si.


5. Pergunte abertamente se ela já pensou na própria morte.

6. Com o terreno preparado, pergunte se ela já pensou em tirar a própria vida.

7. Pergunte que método ela escolheria e por que seria assim?

8. Deixe-a falar, chorar, contar todo o seu plano.

9. Após tomar conhecimento da idealização e do planeamento, mostra-se solidário.

10. Compreenda “sem julgar”, a partir daí ofereça um “pacto ou um contrato de preservação” à vida.

11. O desafio e a confissão trazem alívio. Deixando a pessoa com o recurso de procurar ajuda naquele confidente ou num grupo de ajuda.

12. Quando nos esvaziamos desse sentimento de angústia e desesperança, começamos a valorizar a vida.

13. Ter alguém que guarda o nosso segredo conecta-nos a um outro ser. Esse sentimento de confiança forma um elo e traz motivação para superar o momento.

14. Ter ciência do plano e do planeamento para a execução, podendo tirar da pessoa a ferramenta que ela utilizaria.

15. Recolha a medicação, retire o que puder ser feito de corda, lâminas cortantes, e não deixe a pessoa sozinha. 

16. A presença traz a companhia e inibe a tentativa de atentar contra a própria vida

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