terça-feira, 4 de agosto de 2020

Reflexões sobre a Gratidão


Como muitas vezes acabamos nos focando nas coisas negativas, vamos começar a buscar a entender a gratidão a partir de seu oposto: a ingratidão.



Ela nasce de uma insatisfação com algo ou alguém; é um sentimento negativo diante de coisas que não saem como gostaríamos ou esperávamos. Isso mostra a nossa infantilidade, pois que nossos caprichos não foram satisfeitos ou não recebemos do Outro ou da vida, de acordo com nossa “expectativa”. Além disso, podemos percebê-la como o esquecimento dos benefícios que já recebemos, seja da vida ou de alguma pessoa, e talvez aqui, conseguimos perceber melhor o que chamamos de ingratidão.



E essa situação, que é mais corriqueira em nosso íntimo do que gostaríamos, nos faz agir também de forma imatura, pois, começamos a reclamar. E quando nos dedicamos a isso, perdemos energia e a oportunidade de sermos úteis, entrando numa frequência negativa e infeliz.



Pela nossa condição evolutiva, acabamos por ter o “hábito” de reclamar. Não desenvolvemos um certo “olhar” que nos faz perceber o lado bom e positivo das coisas e, cotidianamente tudo pode ser motivo para reclamação: se está frio ou calor; se estamos trabalhando muito ou temos uma folga; se as crianças estão barulhentas ou muito quietas, acabamos sempre expressando alguma insatisfação. Quantas pessoas queriam mais tempo em casa, e agora, com a pandemia, não suportam ficar em casa (e consigo mesmas) para manter o distanciamento social.



Se temos sempre porque reclamar, porque não mudamos a forma de perceber o mundo e as situações, as pessoas e as oportunidades, e passamos a agradecer?!



Quando tudo está indo bem, mesmo vivendo momentos felizes, não costumamos agradecer. Dificilmente “reconhecemos” a intercessão de Deus no nosso cotidiano, nos abençoando abundantemente. E quando chega de verdade a Dor: Expiação, Evolução ou Auxílio? Ai que reclamamos e mal dizemos a Deus!



É a dor que vai nos colocar na posição humilde diante de Deus, porque ela tem o “dom” de nos acordar. Mas Deus precisa de reconhecimento? Ele está nos punindo?



Não, mas nós precisamos desenvolver a humildade e o sentido de filiação, reconhecer que somos Seus Filhos bem amados, partes e coparticipes da criação. Assim, aprendemos que a dor chega como uma necessidade que nós mesmos criamos, para desenvolvermos virtudes que ainda não “despertamos”, porque tudo de positivo está em nós, aguardando seu desenvolvimento, e não há punição. Temos que ser burilados, inclusive, em nossa ingratidão que é filha do orgulho e do egoísmo.



Isso nos mostra que precisamos ver a vida a partir de outras perspectivas!



Quando realmente sentimos que a reencarnação é oportunidade, uma concessão de Deus para recomeçarmos, passamos a agradecer o retorno à existência física, mesmo com suas dores, mas sobretudo, com suas infinitas possibilidades de crescer e RECONSTRUIR. Os encontros, ‘aparentes’ desencontros e reencontros nada mais são do que oportunidades de nos melhorar e reformar, por exemplo, para consertar o que destruímos ou abandonamos, lá no passado.



Reclamar não resolve, gasta energia desnecessária, mas orar nos acalma, conforta e nos sintoniza com espíritos benfeitores, que nos haurem forças para seguir.



Dar atenção ao que é positivo, marcar aquilo que é bom e simples e somar todas as benção recebidas são exercícios para cultivarmos a GRATIDÃO. Perceba que tudo é energia e, “semelhante atrai semelhante”, então, por que não focar no que é bom e positivo, para sintonizarmos exatamente com isso!



Ter disciplina e o controle de pensamentos e sentimentos - rebatendo o negativo com o que é positivo, por exemplo, nos traz mudança de sentimentos e atitudes. Quanto mais compreendemos a vida e a nós mesmos, consequentemente, aceitamos as ações equivocadas das pessoas e desenvolvemos a compaixão; paramos de reclamar e passamos a ter uma postura diferente diante da vida e das situações “aparentemente” aflitivas. Nos tornamos mais otimistas, compassivos e maduros, saindo de uma infância espiritual. Isso gera LEVEZA!



Quem vive a vida em agradecimento, já descortinou novos horizontes. E isso nos ajuda imensamente a parar de reagir para AGIR diante da vida. Quando conseguimos ser gratos é porque já atingimos um certo grau de maturidade e vibramos em outra sintonia. Mas isso não acontece num passe de mágica, não basta querer ser grato e se cobrar por isso, é preciso vontade, esforço e disciplina. Precisaremos mudar um hábito e, isso não é simples ou rápido, mas com o tempo, teremos um comportamento que nos levará a um novo SENTIR.



Podemos começar a exercitar a gratidão, como hábito, pelas manhãs ao acordar: que benção ter uma noite de descanso! E antes de dormir, agradecendo ao dia: que foi produtivo, alegre, sem problemas ou mesmo que os tivemos, temos recursos para superá-los - certamente que há várias situações a bendizer. É preciso pararmos para analisar como funcionamos, para começar a buscar “sentir” as bênçãos, começando pelas pequenas coisas do dia a dia.



Enquanto reclamar denota orgulho, revolta, presunção e egoísmo, a gratidão reflete nossa humildade, o reconhecimento do constante amparo divino, nos levando à serenidade diante da vida. Que benção entender que somos filhos de Deus, imensamente amados e cuidados por Ele e, que tudo que “temos” é obra da Sua misericórdia!



A gratidão abre portas e mostra soluções, nos destrava, fazendo com que as coisas simplesmente fluam. E Servir ao próximo, AGINDO no bem, é a nossa melhor forma de expressar nossa gratidão à Deus. Quando fazemos isso, nos sentimos úteis e nos envolvemos em energias benéficas, além de angaria a simpatia dos amigos espirituais daqueles a quem servimos.


Agradecer é reconhecer à benção da vida e sentir-se sempre feliz, independente das condições em que a vida nos coloque ou que nós mesmos nos coloquemos, afinal, tudo é aprendizado e estamos em constante evolução.

Luciana Pereira - Trabalhadora do LEAE