Virtude muito necessitada de ser exercitada, mormente nos dias tumultuados que estamos vivenciando. As pessoas estão tendo muita dificuldade em manter a calma, gritando e se desequilibrando facilmente, diante de situações que, analisadas criticamente, não requereriam o grau de explosão emocional que acarretam.
O que sucede? Por que tamanhas variações? Notamos que o império da necessidade do ter, num consumismo enorme, abafa em muitas pessoas o “ser”.
Conversávamos, ainda hoje, com duas enfermeiras extraordinárias sobre a situação que estamos vendo nas famílias que atendemos. Os pais, numa agitação para ganhar dinheiro, estão deixando os filhos em creches, escolas, e alguns com avós. Atendemos uma avó exausta, com um netinho de quatro anos, outro de cinco meses, que ficam o dia todo com ela porque a mãe trabalha. A velhinha, queixando-se que não está dando conta e que a filha foi fazer um ultra-som, porque está suspeitando estar grávida de novo. Será mais um para ela cuidar, porque a filha trabalha o dia todo. Essas crianças ainda contam com a avó, mas e as outras milhares? Sem a família, sem noção de família, nas creches que dão instrução e não educação. Não passam os valores morais, não ensinam o que o pai e a mãe deveriam fazer e não estão fazendo: ensinar seus filhos a terem respeito, honra, honestidade e passar amor a eles.
As crianças estão tão carentes afetivamente, tão necessitadas de amor que estão tendo doenças psicossomáticas para chamarem a atenção dos pais. É dor na barriga, dor nas pernas etc. O médico faz todos os exames e está tudo normal. No fundo é um grito de socorro da criança. A doença é apenas um dizer: “Eu existo, preciso de carinho, de atenção”. E os pais correm atrás dos médicos quando deveriam é pensar em qual é o seu maior tesouro: o meu filho ou os bens materiais que estou ganhando...
Enquanto conversávamos sobre isso, as duas enfermeiras se olharam e uma apontou para a outra, porque se viram nessa mesma situação. Trabalham o tempo todo e quase não vêem os filhos.
Precisamos dar atenção às crianças se desejamos um mundo melhor. Não satisfazer tudo o que querem. Isso não é dar atenção. Dar atenção é dar presença, abraçar, beijar, ensinar, mostrar que não se revida injúria com injúria, mas sim injúria com perdão. Exemplificar do melhor modo possível. Mostrar a arte da calma, da paciência, que está tão em falta hoje. Para mostrar, precisa-se viver, trabalhar essas virtudes na intimidade.
Tudo se deve viver com amor. Paciência é virtude que se conquista com esforço.
Que tal parar de reclamar?
Se nessa vida não há motivo para a sua dor, pense consigo mesmo que é uma lição preciosa de paciência que Deus lhe faculta, e fique resignado.
“A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos”, diz o Evangelho.
Exemplifiquemos. As crianças imitam o que vêem, nos primeiros anos. Passemos a elas o melhor. Tenhamos calma, tenhamos paciência. Assim estaremos edificando em nós a paz e, ficando um pouco mais com os nossos filhos, mostraremos a eles, pela nossa atitude, que a gentileza, o amor e a paciência ainda não caíram de moda, estão presentes e mais que nunca se fazem necessários.
*Em O Consolador, Crônicas e Artigos, Ano 8 - N° 365 - 1° de Junho de 2014 por Jane Martins Vilela.