Não é possível imaginar a difusão do Espiritismo no planeta sem o emprego
do livro.
O livro é uma das mais revolucionárias invenções do homem. As bibliotecas da
Antiguidade Oriental estavam repletas de textos gravados em tabuinhas de barro
cozido com as impressões cuneiformes inventadas pelos sumérios, habitantes da
Mesopotâmia, no século IV a. C. Eram os primeiros livros.
Depois, o
pergaminho e o papiro substituíram os tijolos de barro. Com a invenção do papel,
aproximadamente um século antes de Cristo, pelo chinês Cai Lun e, depois, da
imprensa, por Johannes Gutenberg, por volta de 1439, os livros passaram a ser
impressos mecanicamente, em grande quantidade, tornando possível transmitir
fatos, registrar acontecimentos, descobertas, tratados, códigos ou apenas
entretenimento.
Atualmente, o livro é considerado um material de consumo,
uma mercadoria cultural, instrumento indispensável na difusão de ideias e
transmissão de conceitos, entre outras funções que ele desempenha. Não podemos
imaginar a difusão do Cristianismo sem os Evangelhos e, muito menos, a
implantação do Espiritismo na Terra sem O Livro dos Espíritos e as demais obras
literárias dele consequentes. Temos hoje livros de conteúdo vários, tais como os
livros: jurídico, filosófico, científico, técnico, de autoajuda e assim por
diante. Todos eles são úteis a cada um de nós, segundo os intereses que nos
movem, mas é oportuno lembrar o que nos ensina o Espírito Emmanuel:
"Cada
livro edificante é porta libertadora. O livro espírita, entretanto, emancipa
a alma, nos fundamentos da vida."
E a Casa espírita, o que é e que
importância tem para nós?
Na visão dos luminares do plano invisível, ela é
uma casa de oração, educandário e hospital. No entendimento dos órgãos
orientadores do Movimento Espírita, a Casa espírita é a célula máter para
prática e divulgação da Mensagem Consoladora.
Na função de educandário da
alma, ensina as diretrizes da vida feliz, acenando com os triunfos e a proposta
de autoelevação, norteando-se por um programa de educação, cujo conteúdo são as
verdades do Evangelho do Mestre Jesus, clarificadas pela luz do Espiritismo.
Como hospital, recebe enfermos de toda procedência, sem lhe inquirir a
doença nem exigir apresentação de carteira de saúde com os antecedentes da
moléstia.
Na condição de templo, escuta os soluços da inquietude e atende o
pranto das ansiedades, nascidos nos recessos da alma. Para tanto, desenvolve
atividades que têm no seu bojo o propósito de ouvir, esclarecer, consolar e
amparar a todos que a procuram, atuando com metodologia própria e objetivos
definidos, sempre se valendo do livro espírita, estando à frente: O Livro dos
Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo e O Livro dos Médiuns.
Qualquer
que seja a atividade dentro da instituição espírita, o livro surge como
instrumento essencial à sua implementação. A palestra pública, a evangelização
infantojuvenil, as reuniões mediúnicas, o Estudo Sistematizado da Doutrina
Espírita, o atendimento fraterno, a fluidoterapia, a divulgação e outras
atividades, não prescindem do apoio do livro espírita para fundamentar suas
ações. Sem dúvida, livros de conteúdo distinto estarão presentes, contribuindo
na metodologia da evangelização; no aprimoramento da palavra para servir no
aconselhamento e na divulgação; na organização ambiental e administrativa da
instituição etc. Não se pode negar: o bom livro é imprescindível em nossas
vidas!
Logo, uma Casa espírita sem o livro espírita e seu perseverante e
meticuloso estudo, não estará edificada na rocha, mas sim, na areia. Não
suportará a chuva das dificuldades impostas pelas relações humanas mal
trabalhadas, nem as torrentes da incompreensão dos que ainda não entenderam o
objetivo da doutrina Espírita, sejam eles encarnados ou desencarnados, e, muito
menos se manterá firme à frente dos ventos que sopram ideias modernistas que
tentam descaracterizar o âmago do Espiritismo, com meias verdades. A rocha é
Jesus, é Kardec!
E como a Casa espírita pode valorizar o livro espírita e
fazer dele o seu arrimo em suas atividades?
1. Na palestra pública: Orientar
o palestrante para que informe aos ouvintes as principais obras espíritas que
lhe serviram de base para o seu desempenho. Melhor resultado se obterá se elas
forem divulgadas junto com o anúncio das palestras, em quadro específico.
2.
No estudo sistematizado da doutrina espírita – ESDE: Colocar à disposição os
livros básicos do Espiritismo para consulta dos participantes, levando em conta
que muitos deles não têm condição de adquiri-los para organizar sua biblioteca
particular.
3. No atendimento fraterno: Praticar a biblioterapia1, indicando
aos que comparecem ao diálogo a leitura de livros como coadjuvantes na busca de
si mesmo, do autoconhecimento, favorecendo a reforma íntima: o livro espírita
encoraja, esclarece, revela e conduz o homem a Deus, em qualquer situação, e não
tem contraindicação. Na falta de um conceito espírita para este método de
tratamento, valemo-nos do ensinamento do Espírito Philomeno de Miranda:
“[...] é através da leitura evangélica que o Espírito se irriga de esperança
e se renova, abrindo verdadeiras clareiras e brechas na psicosfera densa que
elabora e de que se nutre, a fim de que penetrem outras energias benéficas que o
predisporão para o bem, de intervalo a intervalo, até que logrem modificar a
paisagem interior, animando-se a investimentos maiores.”2
A biblioterapia,
cujos resultados são bastante profícuos, há que ser adotada com alguns critérios
para não invalidar os resultados esperados. São eles:
a) Adequar a indicação
do livro ao grau de perturbação do paciente, ouvindo as considerações deste.
Sabemos que há irmãos vitimados pela obsessão que confessam não encontrar
disposição para ler, sendo vencidos por incoercível sono.
b) Esclarecer o
paciente o porquê da possível dificuldade que terá para fazer a leitura
indicada. Uma solução é pedir que alguém faça a leitura para ele ouvir.
c)
Orientar o paciente quanto ao modo de fazer a leitura indicada para o melhor
aproveitamento. Que leia pequenos trechos e, em seguida, reflita sobre o que
leu, interrogando se aquele conteúdo tem relação com ele e com suas
dificuldades.
d) Sublinhar a importância da participação efetiva do paciente
no seu tratamento.
1. Na evangelização. Durante as reuniões com o grupo de
pais, não somente enfatizar a missão deles e pedir-lhes apoio para a
evangelização de seus filhos, mas, também, divulgar e incentivar a leitura de
livros que lhes despertem a responsabilidade da reeducação dos seus filhos ou
fortaleçam-lhes o ânimo e o entendimento nesse ministério. Quanto possível,
levar em consideração o nível socioeconômico dos pais, e fazer a doação daqueles
livros.
2. Na livraria. Colocar à venda livros que já foram consagrados como
sendo verdadeiramente espíritas. Para tanto, leva-se em conta o autor espiritual
e o médium, quando se tratar de obra mediúnica. De autores novos, o conteúdo
deverá estar alinhado com a Codificação. O mesmo serve para os títulos escritos
por autores encarnados. Se a Casa exige que suas atividades sejam embasadas nas
obras genuinamente espíritas, por que não ser coerente com a venda de livros?
Dois pesos, duas medidas?
3. Na biblioteca, adotar os mesmos critérios da
livraria.
Na esperança de que o livro espírita seja soberbamente valorizado
e divulgado, encerramos com a rogativa de Emmanuel, muito conhecida de todos
nós, no que se refere ao estudo do Espiritismo na Casa espírita, para que ela
faça parte da constelação da Doutrina Consoladora: Sentir Kardec; Estudar
Kardec; Anotar Kardec; Meditar Kardec; Comentar Kardec; Interpretar
Kardec; Cultivar Kardec; Ensinar Kardec e Divulgar Kardec...
*Texto extraído do site da Casa Editoria O Clarim, escrito por Waldehir Bezerra de Almeida.
1. O dicionário Houaiss diz: “biblioterapia é o emprego de livros e de sua leitura no tratamento de distúrbios nervosos”. Porém este conceito é ampliado e diversificado pelos estudiosos do assunto sendo, no entanto, unânimes em assegurar que a leitura auxilia o doente a verificar que há mais de uma solução para o seu problema; que é um método subsidiário no tratamento de transtornos psíquicos; que a leitura leva a uma introspecção, favorecendo a diminuição do conflito pelo aumento da autoestima, e que encoraja o leitor a encarar sua situação de forma realista, conduzindo-o a uma ação renovadora, ajudando-o a libertar-se dos medos, dos pensamentos obsessivos e de emoções inferiores.
1. O dicionário Houaiss diz: “biblioterapia é o emprego de livros e de sua leitura no tratamento de distúrbios nervosos”. Porém este conceito é ampliado e diversificado pelos estudiosos do assunto sendo, no entanto, unânimes em assegurar que a leitura auxilia o doente a verificar que há mais de uma solução para o seu problema; que é um método subsidiário no tratamento de transtornos psíquicos; que a leitura leva a uma introspecção, favorecendo a diminuição do conflito pelo aumento da autoestima, e que encoraja o leitor a encarar sua situação de forma realista, conduzindo-o a uma ação renovadora, ajudando-o a libertar-se dos medos, dos pensamentos obsessivos e de emoções inferiores.
2. FRANCO, D. Tramas do Destino. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda.
Salvador-BA: FEB, Cap. 11.