O acervo que será exibido são documentos que foram encontrados há três anos em um cômodo da Comunhão Espírita Cristã – o primeiro Centro Espírita fundado pelo médium em 1959, quando ele se mudou para Uberaba. O Memorial está fechado desde março por causa de reforma e ainda não há previsão de reabertura.
De acordo com o coordenador do espaço, o museólogo Carlos Vítor de Souza, estima-se que este acervo seja composto por mais de 4 mil tipos de documentos, entre jornais, revistas, recortes, dossiês, projetos, periódicos em geral, cartas, postais, fotos, dentre outros, que aborda e retrata a história do líder e a doutrina espírita.
Ainda segundo Carlos, o trabalho com os documentos segue uma metodologia específica com diversas etapas: coletar, separar, higienizar, identificar, organizar e por último, catalogar.
“Neste momento de pandemia e de obra, estamos fechados ao público, e estamos canalizando todos os esforços para acelerar esse trabalho. Mais de 1.200 itens deste acervo já estão catalogados e o restante está na fase de organização", afirmou.
Sob orientação do museólogo, este trabalho é desenvolvido por alunos do curso de história da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Uberaba (Uniube). Futuramente, o material irá compor o Centro de Pesquisa e Documentação do Memorial Chico Xavier.
O acervo considerado raro foi encontrado em setembro de 2017. O material estava trancado em um cômodo de imóvel da Comunhão Espírita Cristã – o primeiro centro que Chico fundou em 1959, quando chegou à cidade mineira.
Foi o pedreiro Lourencildo Gonçalves quem encontrou os documentos por acaso ao fazer um serviço no local a pedido de um amigo.
“Eu estava andando no telhado, daí vi uma abertura, me deu curiosidade e vi que tinha muito material que pertencia ao Chico no passado”, relembrou.
Para os responsáveis pelo trabalho e pela descoberta, o achado já pode ser considerado um patrimônio para o município e para a religião espírita, já que guarda informações de todos os tipos da década de 1960.
Um dos materiais mais importantes é a planta de um “museu” que está carimbada com o nome do arquiteto Oscar Niemeyer. A surpresa para os pesquisadores em relação a este projeto foi descobrir que na época Chico Xavier e outros adeptos da doutrina já pensavam em construir algo bem parecido com o atual Memorial, que seria chamado de “Exposição Espírita Permanente”.
Dentro de uma pasta foram encontrados documentos com registros do que teria e como funcionaria o espaço, como também a quantidade de material para a obra.
"O que mais nos chamou atenção foi o projeto do 'Exposição Espírita Permanente', que foi uma surpresa para nós identificarmos que em Uberaba, na década de 60, houve uma tentativa de construção de um espaço de memória dedicado à doutrina espírita. E vários anos depois surge o Memorial Chico Xavier, que além de contar histórias, quer contar também a história guardada nestes materiais encontrados", observou o museólogo Carlos Vítor.
A ideia do Memorial Chico Xavier foi concebida em 2003, um ano depois da morte do médium. O museu fica no Parque das Américas e foi inaugurado em 2016. A estrutura tem mais de 8.000 m², conta com obras escritas pelo médium, fitas e livros sobre a história de Chico Xavier.
G1