No Brasil fixou-se a data comemorativa do Dia dos Pais no segundo domingo de agosto a partir de 1953. Escolhida, inicialmente, para ser realmente uma data comercial, com finalidade de aumentar as vendas. A implementação da data é atribuída ao jornalista Roberto Marinho, para incentivar as vendas do comércio e, por conseguinte, o faturamento de seu jornal.
Mas, pensando além desse início e escolha, temos realmente motivos para comemorar e homenageá-los.
No Livro dos Espíritos, Allan Kardec e a Espiritualidade esclarecem sobre a paternidade:
582 - Pode se considerar como missão a paternidade?
"É, sem dúvida, uma missão, e é ao mesmo tempo um dever muito grande que obriga, mais que o homem pensa, sua responsabilidade diante do futuro. Deus colocou a criança sob a tutela de seus pais para que esses a dirijam no caminho do bem, e facilitou a tarefa, dando à criança um organismo frágil e delicado que a torna acessível a todas as influências. Mas há os que se ocupam mais em endireitar as árvores de seu pomar e as fazer produzir bons frutos do que endireitar o caráter de seu filho. Se esse fracassa por erro deles, carregarão a pena e os sofrimentos do filho na vida futura, que recairão sobre eles, porque não fizeram o que deles dependia para seu adiantamento no caminho do bem".
Fica clara a missão sagrada e divina atribuída aos pais, biológicos e adotivos... Afinal, eles são peça fundamental no destino reencarnatório dos espíritos sob sua tutela. André Luiz esclarece que "(...) a paternidade e a maternidade, dignamente vividas no mundo, constituem sacerdócio dos mais altos para o Espírito reencarnado na Terra, pois através dela a regeneração e o progresso se efetuam com segurança e clareza".
O exemplo evangélico é nosso grande emblema, afinal José, simples de carpinteiro, participou da missão de trazer Jesus à Terra, protegendo a sagrada família. Quando anunciado pelo Anjo que Maria traria o Cristo, por um momento pensou em secretamente partir, mas com fidelidade ilimitada a Deus, aceitou sua missão como pai.
José não nos deixou uma só palavra. Entregou-nos, entretanto o seu silêncio. Esse silêncio não é mutismo de quem não tem nada a dizer, ou absenteísmo de quem, alienado, não se dá conta do que ocorre consigo. Ele falava com as mãos e ferramentas, refletindo sua intensa vida interior. Jesus, durante o seu ministério público, utilizou o silêncio como técnica de ensino. Tal como José são milhares de pais sobre a Terra.
É preciso refletir assim no papel destes homens, que diariamente dão o suor do trabalho para o alimento de seus filhos. Sacrificam-se muitas vezes, para dar um conforto que nunca obtiveram para si mesmos. São, ainda, referência moral única. No arquétipo masculino representam fortaleza, sapiência, firmeza de caráter, proteção... faces ativas do Amor. Estando em casa, tudo o que precisam para renovar-lhe as forças é um abraço dos pequenos, um afago das suas queridas princesas, ou uma boa conversa dos seus melhores amigos, os filhos já crescidos.
Desde que nascemos, somos todos filhos ou filhas... E como tal, devemos nos lembrar do nosso dever assinalado desde a revelação divina a Moisés “Honrai Pai e Mãe” tão bem explicado no Evangelho Segundo Espiritismo no capítulo XIV, Piedade Filial:
“O mandamento é uma conseqüência da lei geral da caridade e do amor ao próximo, porque não se pode amar ao próximo sem amar aos pais; mas o imperativo honra implica um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Deus quis demonstrar, assim, que o amor é necessário juntar o respeito, a estima, a obediência e a condescendência, o que implica a obrigação de cumprir para com eles, de maneira mais rigorosa, tudo o que a caridade determina em relação ao próximo. (...) Honrar ao pai e à mãe não é somente respeitá-los, mas também assisti-los nas suas necessidades; proporcionando-lhes o repouso na velhice; cercá-los de solicitude, como eles fizeram por nós na infância”
Se, por vezes alguns homens não atendem a este chamado divino, não cabe a nós, filhos, censurá-los, pois o único credor de sua responsabilidade é o próprio Deus, nosso Pai Maior. A Doutrina Espírita, trazendo a compreensão de que os laços de Amor são mais fortes que os biológicos, coloca os pais em posição de reverência. Muitas vezes eles são aqueles que seguram as emoções, as lágrimas, para passar aos filhos a firmeza e segurança de que tanto precisamos.
Fonte: Site da Casa do Caminho