segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Por que medicina e espiritualidade?

Abaixo o pensamento de Marlene Nobre - presidente da Associação Médico Espírita do Brasil (AME-Brasil) e da AME-Internacional, palestrante que esteve presente na jornada da AME-Sergipe, realizada em Aracaju, 18 a 20 de maio de 2012.

Qual o papel das AMEs?
Divulgar o paradigma médico-espírita, sua visão holística da saúde, que considera todos os processos mórbidos como sendo essencialmente mentais, comandados pelo Espírito. Nessa visão integral, compete à alma metabolizar e integrar todos os fenômenos – físicos, biológicos, sociais, culturais e espirituais – que a influenciam.

Mas, além disso, tem procurado também dialogar com colegas do Brasil e do exterior, engajados na mesma causa de Saúde e Espiritualidade, porque entendemos que o médico deve dar exemplo de verdadeiro ecumenismo, respeitando as crenças e descrenças de seus pacientes, para assisti-los da maneira mais ampla e integral possível.

Esta compreensão não pode ser diferente em relação às crenças e descrenças de seus próprios colegas. E esta atitude é mais bem compreendida, nos dias de hoje, no âmbito deste movimento abrangente que propõe uma nova medicina para um novo milênio.


Ciência versus religião: novos rumos ao progresso humano

Lamentavelmente, nos últimos quatro séculos, houve um aprofundamento do fosso entre ciência e religião. Ante a atitude religiosa de incompreensão, a maioria das comunidades científicas preferiu demarcar, nitidamente, seu próprio território, distanciando-o dos assuntos vinculados à fé, comumente considerados incompatíveis com os objetivos da ciência. Infelizmente, porém, ao elegerem o paradigma materialista, reducionista como seu pilar de sustentação, alguns cientistas têm se revelado, em determinadas questões, tão dogmáticos e sectários quanto os religiosos.
É lamentável que esta separação entre fé e razão ainda persista porque é extremamente danosa ao progresso humano. Com esse descompasso, há o predomínio do egoísmo e do orgulho, o que favorece o recrudescimento do hedonismo, da violência, da ambição sem freios, dos vícios, da intolerância religiosa e científica, das grandes desigualdades e calamidades sociais. Felizmente, porém, já se constata que, nas quatro últimas décadas, ao lado desta corrente majoritária, cresce o número de “minorias criativas”, conforme previu o historiador Arnold Toynbee, que pensam diferentemente do modelo predominante, e que oferecem novos rumos ao progresso humano.

Estão na base dessa nova visão do ser e do mundo as mudanças conceituais que revolucionaram a Física, desde as primeiras décadas do século XX. Com o advento da Teoria da Relatividade e da Física Quântica, surgiram novos e revolucionários conceitos sobre matéria e energia, que já deveriam ter mudado o paradigma materialista dos cientistas.

A cada dia, mais pessoas enxergam o ser humano de forma integral, corpo e espírito, conectado a uma imensa teia invisível, que engloba micro e macrocosmo. Na área da saúde, essas “minorias” têm trabalhado incansavelmente visando à aliança definitiva entre fé e razão.

Esse movimento novo vem ocorrendo, particularmente, na última década, com a introdução do fator Espiritualidade nos estudos, pesquisas, e na própria práxis médica. O termo Espiritualidade tem sido empregado com a conotação que lhe deu William James, o de sentimento mais elevado, mais nobre, que une a criatura ao Criador. Assim utilizam-no médicos e profissionais da saúde das mais diversas confissões religiosas ou mesmo os que simplesmente creem no Ser Supremo, sem os liames de uma religião formal.

Fonte de pesquisa: Entrevista a revista Cultura Espírita de fev 2012


*Texto retirado do site Folha Espírita