Completando 10 anos de sua morte em junho, Francisco Cândido Xavier, conhecido por todos como Chico Xavier, foi um dos responsáveis pela grande propagação do espiritismo no país. Ao falecer, quem assumiu legalmente toda a responsabilidade administrativa de suas obras, foi seu único filho (adotivo) Eurípedes Humberto Higino Ferreira.
Em entrevista, Higino relatou trechos da trajetória do pai, as adversidades, as verdadeiras amizades, os projetos sociais, a "Casa de Prece" e, principalmente, as palavras que seu pai sempre lhe dizia.
Eurípedes expôs também as trajetórias em outras vidas que teve ao lado do pai e revelou sobre sua vida passada, na qual afirmou ser José Cândido, irmão de Chico, e que sempre foi seu “para-choques” por várias encarnações.
Quando e como foi a sua chegada à casa do médium Chico Xavier?
Eurípedes Humberto – Sempre me perguntam como cheguei à vida do Chico. Ele, muitas vezes, dizia que ninguém, seja filho, pai, amigo, ou até mesmo os nossos inimigos (embora ele não gostasse dessa palavra), chega de graça em nossas vidas, nem ao menos de “paraquedas”. Na vida do Chico, na atual reencarnação, não poderia ser diferente. Em 05 de janeiro de 1959, Chico chegou a Uberaba e minha mãe, que havia ficado viúva e com quatro filhos, buscou a ajuda daquele que, para muitos, era a solução. Eles não se conheciam. Na época, ela havia se mudado para Ituiutaba, a 240 km. Minha mãe resolveu retornar a Uberaba, mas tinha medo de não dar certo. Assim como muitas pessoas, antes de tomar alguma decisão, veio a Uberaba pedir conselhos a Chico Xavier, que havia chegado a pouco na cidade. Naquele dia, dentre outras 700 pessoas, Chico a chamou pelo nome, “Dona Carmem, por favor, se aproxime”, e quando ela chegou perto dele para pedir o conselho, assim como milhares de pessoas faziam, Chico colocou a mão em seu ombro e lhe disse: “Eu vim para Uberaba assim como a senhora virá. O seu esposo, já no mundo espiritual, me disse que a senhora viria me devolver o meu irmão José, falecido em Pedro Leopoldo, em 1939, e que, hoje, nessa vida, é seu filho Eurípedes”. Assim ela fez. Mudou-se para Uberaba após 15 dias e começou a trabalhar em um ambulatório médico que existia naquele grupo de oração.
Você afirma que é a reencarnação do irmão de Chico Xavier, José Cândido. Como recebeu essa notícia?
Quem assistiu ao filme de Daniel Filho, “Chico Xavier”, deve ter visto quando o que o Sr. João Cândido, pai de Chico Xavier, em meio a lágrimas, fala ao médium que ele ajudou a tantas pessoas, mas não pôde nem ao menos salvar seu irmão, José Cândido. Chico também sofreu ao perder seu querido irmão, visto por ele como um “para-choques”. E eu, simplesmente, ao me reencontrar com Chico, continuei o trabalho que fazia em minha outra vida. É simplesmente uma sequência de trabalho. Em 1939, quando José desencarnou, os familiares não aguentaram os assédios. O filme também retrata o momento em que Chico estava na linha férrea, embarcando na locomotiva, e o espírito de Emanuel, seu mentor espiritual, lhe disse: “Não fique triste, Chico. Seu irmão irá lhe encontrar em Uberaba e vocês serão enterrados juntos, como era a proposta de vocês”. E foi assim que descobri minha reencarnação. Em minha penúltima vida, fui o querido irmão de Chico Xavier.
Quem assistiu ao filme de Daniel Filho, “Chico Xavier”, deve ter visto quando o que o Sr. João Cândido, pai de Chico Xavier, em meio a lágrimas, fala ao médium que ele ajudou a tantas pessoas, mas não pôde nem ao menos salvar seu irmão, José Cândido. Chico também sofreu ao perder seu querido irmão, visto por ele como um “para-choques”. E eu, simplesmente, ao me reencontrar com Chico, continuei o trabalho que fazia em minha outra vida. É simplesmente uma sequência de trabalho. Em 1939, quando José desencarnou, os familiares não aguentaram os assédios. O filme também retrata o momento em que Chico estava na linha férrea, embarcando na locomotiva, e o espírito de Emanuel, seu mentor espiritual, lhe disse: “Não fique triste, Chico. Seu irmão irá lhe encontrar em Uberaba e vocês serão enterrados juntos, como era a proposta de vocês”. E foi assim que descobri minha reencarnação. Em minha penúltima vida, fui o querido irmão de Chico Xavier.
Como surgiu a ideia de criar o museu que leva o nome de seu pai?
Chico, como era uma pessoa previdente e conheceu algumas histórias, sendo ele um dos personagens que mudaram a humanidade, em 1996, me pediu que, assim como viu na França, uma biblioteca na residência de Honoré de Balzac, eu poderia fazer da mesma forma. Uma casa de memórias igual a que ele havia visto. Eu simplesmente executei um pedido do meu pai de coração, sendo que sempre seguia os seus conselhos.
Por diversas vezes, você disse que Chico Xavier lhe falava algumas frases ou mensagens, e, em alguns casos, apenas você compreendia o que estava sendo dito. Fale um pouco sobre esses momentos tão importantes.
Por inúmeras vezes, Dinorá, uma senhora que trabalhou conosco por mais de 32 anos, chegava a meu consultório e me chamava às pressas, pois meu pai precisava me falar ou fazer algo. Como esses acontecimentos eram frequentes, e vendo a necessidade de Chico estar perto de mim nesses momentos, transferi meu consultório, que era localizado na região central de Uberaba, para a avenida João XXIII, próximo à nossa residência. Chico dizia que isso era necessário, pois, nos últimos tempos, precisava ficar mais próximo daquele que não era somente seu filho, mas também seu melhor amigo. Meu pai sempre dizia várias coisas e existe uma em especial. Em 23 de novembro de 1976, Chico descreveu, em seu testamento, que estava me pedindo algumas coisas, não como filho, mas como um melhor amigo que eu era. Assim, eu concordei e confirmei com as seguintes palavras: “Aceito o compromisso de executar os encargos que, por instrumento, estão atribuídos à minha responsabilidade, pessoal, por meu particular amigo, Francisco Candido Xavier”. Essa data me marcou, pois foi quando veio o primeiro susto, Chico apresentou o primeiro sinal de infarto. Nesse momento, ele me disse que, a partir daquela data, precisava não só do filho, mas sim da pessoa que ele mais confiava no mundo.
Por inúmeras vezes, Dinorá, uma senhora que trabalhou conosco por mais de 32 anos, chegava a meu consultório e me chamava às pressas, pois meu pai precisava me falar ou fazer algo. Como esses acontecimentos eram frequentes, e vendo a necessidade de Chico estar perto de mim nesses momentos, transferi meu consultório, que era localizado na região central de Uberaba, para a avenida João XXIII, próximo à nossa residência. Chico dizia que isso era necessário, pois, nos últimos tempos, precisava ficar mais próximo daquele que não era somente seu filho, mas também seu melhor amigo. Meu pai sempre dizia várias coisas e existe uma em especial. Em 23 de novembro de 1976, Chico descreveu, em seu testamento, que estava me pedindo algumas coisas, não como filho, mas como um melhor amigo que eu era. Assim, eu concordei e confirmei com as seguintes palavras: “Aceito o compromisso de executar os encargos que, por instrumento, estão atribuídos à minha responsabilidade, pessoal, por meu particular amigo, Francisco Candido Xavier”. Essa data me marcou, pois foi quando veio o primeiro susto, Chico apresentou o primeiro sinal de infarto. Nesse momento, ele me disse que, a partir daquela data, precisava não só do filho, mas sim da pessoa que ele mais confiava no mundo.
O museu é famoso em todo o Brasil, quem sabe no mundo. Quantas pessoas visitam o museu por mês?
Em média, a Casa de Memórias recebe 800 pessoas por mês. Existem épocas nas quais esse número sobe para mais de 1.000 pessoas, como feriados por exemplo. Durante as visitas, é possível tirar fotos, sem nenhuma restrição e sem que se cobre nada. Deixamos a critério dos visitantes, uma contribuição, mas esta apenas se for espontânea. Quem quiser levar alguma lembrança para amigos e familiares, pode comprar algum livro de autoria de Chico Xavier na Livraria FCX, que possui quase todas as obras escritas por meu pai. Todas as despesas do museu, da Casa de Prece e dos locais onde funcionam as obras de caridade de Chico Xavier são pagas por mim e pelos amigos que colaboram ainda com o andamento das obras.
Chico, segundo relatos feitos por você, o chamava de “pai” e, por isso, houve muitas críticas. Como surgiu esse carinho de seu pai para com você?
Em 1994, meu pai recebeu uma prova de um espírito, que lhe enviou mensagens de várias pessoas do Estado de São Paulo, e uma dessas foi endereçada a mim. Entretanto, a posição de Chico teve novo brilho: “Eurípedes se fez pai, Chico hoje é seu filho”. Quem convivia conosco, seja na vida particular ou mesmo no grupo espírita, não entendia suas palavras, principalmente quando Chico me fazia perguntas como: “Que horas o pai começará a reunião” ou “Quando iremos embora?” Por isso, muitos diziam que eu tinha o comando sobre ele. Depois que Chico começou a me chamar de “pai”, a minha responsabilidade aumentou. Eu fui filho do melhor ser humano depois de Jesus Cristo na Terra, e, por um tempo, o seu pai. E digo a todos que foi uma grande honra para mim.
Como foi a chegada de Chico Xavier a Uberaba, segundo as histórias que ele lhe contava?
Muitos falam por aí que trouxeram Chico a Uberaba, mas a verdadeira história é outra. Meu pai realmente fez um laço de amizades muito grande na cidade, quando veio selecionar gado, como funcionário público, e acompanhava seu antigo chefe, um dos primeiros amigos que fez na cidade. Uma dessas pessoas foi o Sr. Mário Franco, com quem, posteriormente, firmou uma grande amizade. Contudo, suas vindas ao município, até então, eram apenas a trabalho. Porém, após a morte de seu querido irmão, sua família não aguentou o assédio da imprensa e resolveu vir para Uberaba, local no qual seu guia espiritual, Emanuel, lhe falou que encontraria seu irmão querido e onde começaria uma nova vida.
Após sua mudança para Uberaba, Chico Xavier manteve contato com seus familiares?
Chico jamais deixou de manter contato com seus familiares e também com minha família de sangue. Quando vim morar com ele, Chico conversou com minha mãe e combinamos que, sempre, no Natal, iríamos almoçar com ela e, no Ano Novo, passaríamos com sua irmã Luiza.
Chico Xavier sempre dizia que iria desencarnar quando os brasileiros estivessem em festa. E assim aconteceu. Chico desencarnou justamente na final da Copa do Mundo de 2002. Como foi esse momento, que, para muitos, era motivo de felicidade, e para você um dia tão triste? Muitos perguntavam a Chico como seria o momento de sua partida desse mundo material. Com ele, não poderia ser diferente. Sempre escutava de meu pai que seu desencarne seria em um dia de muita festa para todo o povo brasileiro. E realmente foi. A seleção brasileira de futebol estava comemorando o pentacampeonato e, enquanto os foguetes brilhavam no céu, estávamos em casa, chorando a sua morte.
Quantos livros psicografados Chico Xavier deixou?
Chico Xavier sempre dizia que iria desencarnar quando os brasileiros estivessem em festa. E assim aconteceu. Chico desencarnou justamente na final da Copa do Mundo de 2002. Como foi esse momento, que, para muitos, era motivo de felicidade, e para você um dia tão triste? Muitos perguntavam a Chico como seria o momento de sua partida desse mundo material. Com ele, não poderia ser diferente. Sempre escutava de meu pai que seu desencarne seria em um dia de muita festa para todo o povo brasileiro. E realmente foi. A seleção brasileira de futebol estava comemorando o pentacampeonato e, enquanto os foguetes brilhavam no céu, estávamos em casa, chorando a sua morte.
Quantos livros psicografados Chico Xavier deixou?
Chico deixou 412 livros. Contudo, deixou material para fazer 426, sendo que as editoras podem traduzir para várias línguas, como japonês, inglês, francês, e, inclusive, para o grego.
Você, como único herdeiro do médium, utiliza os direitos autorais da venda dos livros para manter as obras sociais deixadas por Chico Xavier?
Você, como único herdeiro do médium, utiliza os direitos autorais da venda dos livros para manter as obras sociais deixadas por Chico Xavier?
Nunca recebemos ajuda dos editores dos livros psicografados por meu pai. Chico disponibilizou os livros, mas sem conhecimento do destino dado ao rendimento destes. Quando fundei a livraria, sempre funcionou da mesma forma. Eu compro e comercializo os livros como qualquer outro comerciante.
Chico sempre foi muito preocupado com obras sociais. Você manteve o andamento das obras da mesma forma como era antes do desencarne de seu pai?
Em todas as quintas-feiras, oferecemos um jantar, que conta com a presença de, aproximadamente, 1.000 pessoas. Além desse jantar, oferecemos, aos sábados, 10 enxovais que são doados. E sempre uma vez ao mês, com a ajuda de um grande amigo que reside no Sul, doamos 20 mil em cestas básicas para famílias carentes.
O espiritismo preza pela humildade e caridade. Para o Higino, o que significam essas palavras?
O espiritismo preza pela humildade e caridade. Para o Higino, o que significam essas palavras?
Chico dizia que, primeiramente, devemos perdoar a nós mesmos. Tem gente que tem ódio no coração, o que causa várias doenças, como a depressão. Precisamos nos curar para poder curar o próximo. Se você estiver bem com você mesmo, automaticamente, estará com uma imagem melhor por dentro e por fora.
*Entrevista extraída do site Partida e Chegada.