Vejam algumas dicas para palestrantes.

Sabemos da importância das palestras dadas antes dos passes porque os assistidos mais precisam de esclarecimentos, orientações para melhorar seus passos na vida e, principalmente, induzir à modificação dos pensamentos.
É comum o palestrante ou expositor dizer aos ouvintes que é necessário perdoar, amar, ter bons pensamentos, fazer a caridade etc. Mas o que percebemos, olhando a platéia, é que a maioria das pessoas, ou dormem, ou se sentem enfastiadas com tantas recomendações teóricas que a mente não fixa. Saem um pouco melhorados, mas logo esquecem o que ouviram. Por quê?
Notamos que falta nas falas o que chamamos de indução à prática. Se servir de comparação, seria como uma mulher dando uma lista de ingredientes de um bolo sem explicar como se faz o bolo. Toda receita tem a lista de componentes e o “modo de fazer”. Falta a nossa doutrina mensagens e aulas de “como fazer” tudo aquilo que recebemos em forma de mensagens do plano espiritual. As mensagens são maravilhosas, mas poucos conseguem colocar na sua vivência do dia-a-dia por falta de entendimento da prática.
As mensagens usam temas puramente abstratos, isto é, existente só nos domínios das idéias sem se estender no uso diário. Para facilitar a compreensão, passarei a usar só o termo “palestra” para definir tudo que é falado ao público num centro espírita. Seja aula, preleção, exposição ou mesmo palestra.
Ao se falar sobre a caridade:
CARIDADE:
Tema muito falado e recomendado nas palestras, mas que os leigos entendem apenas como esmola. Explicar que para a caridade há várias formas de praticar, seja mesmo com dinheiro, roupas e calçados usados.
Darei uma pequena lista de sugestões para a prática da caridade:
-Caridade da fala. Induzir os ouvintes a falar sem magoar ou ferir ninguém. A palavra pode machucar tanto quanto uma arma.
-Caridade do pensamento, não pensar mal de ninguém.
-Viu alguém fazer algo errado, não comente e nem pense mal.
-Ouviu um comentário maldoso, não passe adiante.
-Estando acompanhado de pessoa chata, maçante ou irritada, use a caridade da paciência explicando que pessoas assim são quase sempre infelizes consigo mesma ou com o mundo.
-Não ria de uma situação cômica de alguém que caiu, ou falou ou fez algo impróprio sem perceber. Ponha-se no lugar dela.
-Respeitar o livre arbítrio do próximo, mesmo se ele estiver fazendo algo prejudicial a si mesmo. Dar conselho e calar se não foi aceito, é a maior recomendação.
-Tem conhecimentos de coisas úteis, repasse, não guarde para si.
-Fazer alguém triste sorrir e ter esperança.
-Visitar um doente. Fazer companhia a um solitário.
-Usar o dom artístico, profissional e intelectual para ajudar pessoas ou entidades assistenciais.
-Contar histórias para as crianças carentes ou doentes. Também são válidas, as brincadeiras.

É diferente dizer: faça a caridade. Do que explicar: como fazer a caridade. As maiorias das palestras são pouco objetivas, por isto poucos se modificam ao ouvi-las.
Note a diferença das frases:
1-“Jesus pregou a caridade.”
2-“Ao ouvir falar mal de alguém, não vamos passar adiante a maldade relatada, mas fazer a caridade do silêncio como pregou Jesus.”
A diferença das duas frases é que a primeira é teórica, genérica e vaga e a segunda é objetiva, explicativa e marca na memória. Pois ao exemplificar um ato é comum o ouvinte se lembrar de algo assim que lhe aconteceu e avaliará sua atitude de acordo com o que foi exposto pelo preletor. O uso de estórias é sempre muito apreciado pelos assistidos.
Evitar o quanto for possível o uso de palavras abstratas como: caridade, fraternidade, paciência, reforma íntima, humildade, orgulho, vaidade sem a devida exemplificação.
Sabemos que temos que fazer a "reforma íntima", mas o que a maioria pensa é sempre igual: "tenho que deixar de ser orgulhoso, ou egoísta, ou vaidoso", mas poucos sabem como "tirar" estas falhas morais. Por isto é necessário dar uma pequena amostra de como podemos extrair defeitos para ganhar valores morais assim a exposição será mais proveitosa e de fácil memorização.
É importante também a forma de como é exposto o tema. A expressão facial do palestrante, a colocação dos sentimentos nas palavras não pode ser esquecida. É comum ouvirmos o expositor falar como se fosse uma máquina de gravação, apenas repetindo frases que decorou ou o que está escrito no papel que trás à mão. Isto desmotiva os ouvintes a se fixarem no tema o mais comum é fazer a platéia dormir ou olharem para o relógio aguardando com impaciência o tempo de sair da sala.

O mesmo sistema de “aula prática” exemplificado acima pode ser usado com qualquer tema em pauta no centro, inclusive para as mensagens escritas.
Falar sobre o Evangelho, sobre a Doutrina Espírita mostrando os ensinamentos que o plano espiritual trouxe para o engrandecimento e felicidade da humanidade é uma tarefa de grande valor que merece ser bem executada.
Miryã Kali/MLucia
*Texto extraído do site Espiritismo on Line, com modificações da Equipe de Comunicação do LEAE.