Abril é um mês de muita importância para o Espiritismo. Talvez o mais importante de todos! Foi neste mês, especificamente no dia 18, em 1857, que era dada à publicidade a primeira edição de O Livro dos Espíritos, data marcante que em 2017 completa 160 anos.
Pois que mais de um século e meio depois, ainda existem alguns termos que trazem confusão às mentes dos espíritas, especialmente os iniciantes, e da sociedade como um todo. Muito disso se deve à crescente popularização da Doutrina Espírita, que recebe cada vez mais frequentadores assíduos em suas instituições, bem como simpatizantes, que embora não sejam “espíritas de carteirinha”, fazem uso de leituras esclarecedoras, tanto da Codificação quanto de outros autores, buscando respostas a indagações várias e uma orientação segura em suas vidas.
Diante deste contexto, o uso das palavras acaba gerando certa confusão, não sendo corretamente aplicadas ao que realmente significam. Os termos espírita e espiritualista compõem um desses conjuntos que trazem dúvidas aos mais desavisados.
Recorremos, então, ao livro homenageado desta edição: o sempre indispensável O Livro dos Espíritos. Logo na primeira parte da Introdução, Allan Kardec já mostrava preocupação em bem definir e esclarecer o que cada termo pode representar. Vamos às palavras do Codificador:
“Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.”
Logo, fica bastante claro na explicação de Kardec que existe uma distinção entre os termos. Simplificando, diríamos que todo espírita é espiritualista – pois crê em algo mais além da matéria –, mas nem todo espiritualista é espíritas – já que a crença na comunicação com os espíritos não faz, obrigatoriamente, parte dos estudos espiritualistas.
O Codificador conclui, portanto, qual o objetivo do livro que está sendo apresentado:
“Como especialidade, O Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão por que traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista.”
Fundamental este conhecimento! Que nesta marcante data possamos manter vivo o ideal de Allan Kardec e difundir o Espiritismo com a fidelidade necessária para que alcance plenamente seus nobres objetivos, iluminando e bem orientando toda a humanidade.
Texto publicado no Editorial no site de O Clarim, pela Redação (oclarim@oclarim.com.br) em 01/04/2017