quinta-feira, 20 de junho de 2013

Reportagem da Revista IstoÉ sobre Zíbia Gasparetto: uma reflexão

A edição nº 2.272 da Revista IstoÉ tem como título de chamada de capa: “O Império Espírita de Zíbia Gasparetto”. Em que pese o forte apelo para atrair leitores simpatizantes e contraditores do Espiritismo, a chamada induz à associação dos interesses financeiros da referida escritora à exploração comercial da crença espírita.
 
Inicialmente destacando o sucesso mercadológico de Zíbia Gasparetto e o luxo de seu escritório no qual o repórter João Loes foi recebido, a matéria comenta a trajetória da psicógrafa, desde o início de suas experiências mediúnicas até a fundação do rentável negócio editorial mantido por ela e sua família.
 
A reportagem destaca a declaração da escritora de que não segue mais o Espiritismo, pois a mesma optou por trilhar caminhos que seriam incompatíveis com os princípios espíritas.

 
Segundo a entrevistada, ela preferiu ter mais liberdade para agir e afirma não ter qualquer problema em receber os direitos autorais das obras psicografadas. “Não há problema em se ganhar dinheiro com a mediunidade”, diz ela. Em determinando momento da entrevista, Zíbia Gasparetto afirma, despudoradamente, que “Chico Xavier abriu mão dos direitos dos livros dele, mas uma vez chorou para mim, arrependido do que tinha feito”.
 
O texto é finalizado com a perspectiva de expansão dos negócios da família Gasparetto no nicho espiritualista, mencionando a abertura de novas frentes comerciais no rádio e televisão para constituir o império que a chamada de capa da revista erroneamente rotulou de espírita, pois se trata de um negócio privado construído sobre bases bem materiais.
 
O primeiro aspecto que deve ser criticado nessa reportagem é a conduta distorcida do responsável pela revista. Uma vez que na própria reportagem a entrevistada não se declara espírita, a Revista IstoÉ, portanto, comete dolo intencional ao usar o termo “espírita” em sua chamada de capa. A deplorável decisão do editor desse periódico pode induzir o leitor a associar o enriquecimento da mencionada escritora ao Espiritismo, fato esse que desvirtua o preceito espírita de não se cobrar pela atividade mediúnica. Ora, Sr. Editor, até que ponto as supostas vendas adicionais da revista compensam um ato de mau jornalismo?
 
O segundo aspecto a ser mencionado é a infeliz afirmação de Zíbia Gasparetto de que o médium Chico Xavier teria se arrependido de ter cedido integralmente os direitos autorais de seus livros. Ora, Dª Gasparetto, será que a sua consciência está pesando por saber das consequências do apego à riqueza transitória e sua afirmação sobre Chico é uma tentativa de atenuar esse peso? Desde quando um homem que deu provas durante toda a sua vida de desinteresse material passou a reclamar sobre a situação financeira? Carece de fundamentação e lógica essa sua afirmação.
 
E o terceiro e último aspecto que merece ser mencionado é até favorável à Zíbia Gasparetto. Deve-se reconhecer que a mesma foi coerente ao não mais se afirmar adepta da Doutrina Espírita. Que bom seria se todas as pessoas descontentes com o Espiritismo simplesmente parassem de se autodenominar espíritas e assumissem outras linhas espiritualistas. Seria mais racional e elas parariam de gerar modismos e celeumas para tentar adequar a doutrina às próprias convicções.
 
*Texto extraído do site da revista O Consolador, Ano 7 - N° 316 - 16 de Junho de 2013, escrito por MARCO MILANI (marcomilani7@gmail.com), São Paulo, SP (Brasil).